Entre a diligente Marta que serpenteia por entre as mesas, para nos servir, e as 5/6 ondas sucessivas e paralelas que, suavemente, morrem na praia, interminavelmente, vou olhando as Berlengas ao longe, fixas como cachalotes antigos incrustados no mar. A praia vai deserta e limpa com o vento ligeiro de Maio, que alisou a areia sobre as rochas invisíveis.
Do sono me desperta um telefonema nimbado de desespero, que me pede conselho. A voz amiga, a quem não pagam o trabalho extra, há já dois meses, pergunta-me o que deve fazer. E eu, mal desperto, dificilmente consigo atinar uma resposta que não seja violenta, face a tal injustiça. Mundo cão, este, em que nem sequer há hombridade para ensaiar uma explicação humana, perante quem precisa de trabalhar diariamente para o seu sustento.
Volto-me para o inefável, das altas esferas, através do livro (Marcello Duarte Mathias, Diário da Índia, 2004) que mão amiga me deixou pousado sobre a mesa, na casa emprestada:
"...Gisbert narra que a inimizade entre Mittérrand e Rocard levou o primeiro a estabelecer uma lista de possíveis presidenciáveis em que Rocard aparece em sexta posição, logo a seguir ao cão de Mittérrand situado, esse, em quinto lugar.
A este propósito, a Helena Vaz da Silva contava-nos ontem ao jantar que Cavaco, instado a responder nos mesmos moldes, havia esclarecido: «No meu caso, teria de colocar o meu cão mais acima!» "(pg. 58)
Sem dúvida, que outros mundos caninos, mas a mesma desumanidade...
Ergo ... Cavaco pouco acima do cão
ResponderEliminarErgo ... Cavaco pouco acima de cão
ResponderEliminarSem dúvida..:-)
EliminarNo caso de Mitterrand houve, provavelmente, algum (muito) cinismo e divertimento na colocação desse 5.º lugar. Quanto a Cavaco nem me pronuncio.
ResponderEliminarConcordo com o cinismo da resposta de Mitérrand. Quanto ao outro senhor, deve ter sido preguiça "pavloviana" seguidista e dificuldade em pensar...
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