sábado, 17 de maio de 2014

Apontamento 46: Reforma do Estado, precisa-se !



Quando os indígenas não entendem o razoado das instruções oficiais, ultimamente apenas acessíveis “on-line” sem contraditório, a não ser por diversas, penosas, repetitivas e onerosas chamadas para “Linhas de Apoio” inúteis, o que será de um pobre forasteiro deitado às feras do complicadíssimo sistema electrónico de portagens para se movimentar no país!

Sublinho, no entanto, que a entrada neste universo kafkiano fica reservado aos cidadãos conscientes, preocupados com a legalidade e o dever de pagar o devido. Aos restantes, é “fartar vilanagem”  e esperar o que acontece, depois, já longe do país que não consegue, nas coisas mínimas, reformar o Estado, organizando as obrigações diárias de uma forma clara, acessível e rápida.

Passo a explicar o essencial.

Uma viatura com matrícula estrangeira pretendia entrar no país e circular durante um mês aproximadamente. Solicitou a minha ajuda e confesso que perdi algumas horas para tentar perceber o “sistema” subjacente a um estrangeiro andar pelo país de automóvel. A solução encontrada, depois de muita consulta e ponderação, foi uma tarjeta chamada “Easytoll”. Tudo em Inglês como convém a um país soberano !

Estava tudo combinado quando o desgraçado visitante não conseguiu passar na máquina do “Easytoll” ao entrar na fronteira. O “bicho” não lhe aceitou o primeiro cartão de crédito, nem o segundo. Com a minha ajuda, lá chegou ao próximo porto de abrigo, uma área de serviço que lhe vendeu um “Tollcard”, recarregável., que lhe daria, como lhe disseram para chegar a Lisboa.

Ora, consultada a página do “Tollcard” dizia que dava para circular “em auto-estradas com portagens electrónicas”. Só hoje, e após inúmeras chamadas telefónicas, fiquei a saber que, em Portugal, há as antigas auto-estradas e as outras e que o tal cartão “Tollcard” só dá para as outras e não permite passar numa via de portagem electrónica com Letra V.

Claro, o mal não está nas capelinhas da VIA V e dos CTT que exploram os dois sistemas e que não se querem entender para prestar um serviço eficaz ao cidadão. O cidadão é que é burro e não percebe a diferença. Desgraçado do estrangeiro que nem a língua do país fala.

No meio destes negócios, VIA VERDE e CTT, quem perde é a imagem do país, incapaz, e com conivência superior do Governo, de prestar um serviço claro e eficaz a um visitante que pretende circular sem complicações, pagando o que deve, naquilo que lhe pareçam auto-estradas, tanto pelo traçado como pelo aspecto.

Falta explicar aos forasteiros o que são as “auto-estradas” antigas e as outras, embora, de aspecto, tenham portagens electrónicas, ou seja, passa-se e regista-se a matrícula.

Confesso que ainda não encontrei uma forma acessível, e diplomática para o país, para explicar a diferença entre a imagem acima – o indicativo das “outras auto-estradas” – e a imagem seguinte, já que tanto nas imagens do “Google” apareçam, sem distinção, as duas portagens electrónicas, como não se percebe a distinção olhando para o mapa.




Será que o “Road for Growth.” me ajuda a explicar aos forasteiros que o país está no melhor dos mundos ?

Post de HMJ

5 comentários:

  1. Mesmo para um nacional é ma trapalhada porque quando se sai das auto-estradas ainda com guichés onde se pode pagar é uma trapalhada. E lá temos de ir aos CTT. É a desburocratização?
    Para um estrangeiro, é como estar no Castelo de Kafka.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Isso do uso do inglês, ainda hoje ouvi que o Conselho de Ministros português emitiu um comunicado em inglês. «Provinciano», chamou-lhe Marques Mendes e muito bem.
    Como tb é provinciano a obrigatoriedade do preenchimento dos formulários para FCT em inglês. E as Faculdades não reclamam, devem achar isso «europeu».

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    1. Para MR:
      de facto é de loucos. Quanto aos formulários da FCT, na língua do "mundo financeiro", dispenso comentários. As contradições nas perguntas, tipo "chapa zero", são de bradar aos céus.

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  4. Para a imagem do país é mais coisa menos coisa, pois ela já anda há muito pelas ruas da amargura!

    Somos o país da complicação!

    Um bom domingo!

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