sábado, 4 de julho de 2015

Apontamento 71: Deformação (bis!)


[capa da Revista: Der Spiegel, usando o termo de "Trümmerfrau" numa alusão às mulheres que, no final da Segunda Guerra Mundial, se orientaram nos destroços]

Depois de termos falado da deformação que corresponde, actualmente, a um "jornalismo" que se auto-denomina de "independente", basta consultar a imprensa alemã, um dia antes do referendo grego, para clarificar conceitos básicos. A saber: a informação passou a ser propaganda. 

Tudo serve para humilhar um povo. Até se insiste a falar dos "bons exemplos" de Espanhóis e Portugueses que resistiram, e bem, aos tais "programas de bem-feitorias". Aos vendilhões do templo, ou seja, aos jornalistas do Frankfurter Allgemeine Zeitung ou até da estação pública de televisão ARD, falta-lhes, na ausência de qualquer ética profissional ou dignidade pessoal, a humildade de reconhecerem a sua ignorância. São trabalhos "jornalísticos" em cima do joelho, feitos, porventura, numa esplanada qualquer o observar o mar.

É por isso que o apelo de Jacques Delors, no "Le Monde", nem sequer teve a mais leve ressonância na imprensa alemã, porque destoava no "coro" que culpa a Grécia de todo o mal.

Lá está a página do DER SPIEGEL a antecipar-se, porque se "o Euro falhar, falha Merkel", i.e. a chanceler, claro ! E juntam-se as imagens dos destroços às tais metáforas de destruição e culpa !

Oxálá, que o Domingo sirva para virar uma página nesta encenação vergonhosa da pretensa supremacia alemã, carente de qualquer clarividência ou superioridade espiritual !

Post de HMJ

7 comentários:

  1. Bom dia,

    Considero fantástico o número de teorias que se fazem à volta deste tema, quando tudo é tão simples e tão claro: os países que pediram assistência financeira as instituições internacionais, de que eles também fazem parte, fizeram-no porque entraram, ou iriam entrar em bancarrota, porque os seus governantes, e no fundo, os cidadãos, aqueles que vivem um pouco dos dinheiros públicos, empresas do estado, parcerias publicas, governos regionais e empresas regionais, e por aí adiante, puseram-se a gastar mais do que o estado consegue criar em riqueza, e para isso endividaram-se constantemente ao longo de décadas, ininterruptamente. Depois disso, o dinheiro acabou e ficaram só as dividas, e aqueles que emprestaram querem ser ressarcidos do seu dinheiro.

    Onde é que nisto existe humilhação de um povo, onde é que nisto existe falta de democracia, quem pede emprestado para viver com luxos, acima das suas possibilidades, não tem a obrigação de devolver esse dinheiro. E claro, com juros.

    Incrível as teorias que se fazem a volta disto. Incrível mesmo.

    João Silva

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois, Senhor João Silva, deu-se ao trabalho de resumir, na perfeição, todo o rol de argumentos da deformação oficial.

      Eliminar
  2. HMJ,
    Gostei do post.
    Na 6.ª feira estive no meio de uma discussão deste estilo. Não há remédio para quem não quer mesmo ver...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Para MR:
      sobretudo quando são da raça dos contabilistas Silvas ...

      Eliminar
  3. Estamos a assistir a um terramoto e é como se não fosse nada connosco.
    Já há quatro anos também não havia crise financeira nenhuma... Mas há três já havia.

    ResponderEliminar
  4. Em jeito de brincadeira, e ao estilo do agora treinador do meu clube, Jorge Jesus, diria que, o ministro das finanças grego, Yanis Varofacas, Yanis Varofocas, ou seja, gosta muito de atribuir aos credores mimos como terroristas, ladrões, assassinos, etc, acontece que EU não sou terrorista nem ladrão ou assassino. E digo eu, porque nós portugueses também emprestamos dinheiro à Grécia, e segundo a comunicação social, calhou a cada português uns 150 ou 200 euros. Esse dinheiro dos meus impostos custou-me a ganhar, e porque é meu (nunca o vi) quero-o cá de volta outra vez. Nem que seja para pagar ordenados aos políticos, mas é meu, e eu é que decido onde o quero aplicado.

    Posso por isso fazer também uma teoria, a de que quando esse ministro grego chama de ladrão aos credores (os outros países do euro, essencialmente) está a chamar-me a mim também de ladrão. E pior, como já gastaram todo o dinheiro que eu lhes emprestei, querem agora outro empréstimo. Eu, faço-lhe um manguito, e mando-o pedir emprestado ao pai dele. Porque se sou ladrão, não se pede dinheiro a ladrões.

    Por isso é que alguém o chamou de garoto. É que a Grécia também já emprestou dinheiro noutras ocasiões a outros países com dificuldades, tal como Portugal, e na altura de o receber de volta também exigiu a sua parte dos juros.

    Para além de garotos, são também hipócritas. É o que se chama a quem faz o mesmo que acusa aos outros.

    João Silva

    ResponderEliminar