quinta-feira, 12 de março de 2015

Mercearias Finas 98 (e pré-pascais)


Já eu me aprontava e aperitivava para Campo de Ourique, quando - parcas do destino! - o telemóvel me vibrou do bolso e me fez gorar o objectivo. Um pouco desasado enumerei, por local e proximidade, as hipóteses de almoço. Na Adega do Dantas, a ementa desiludiu-me, As Zebras, bem próximas, estavam coalhadas de turistas... Rumei, assim, ao Sinal Verde, que é quase sempre uma alternativa segura. Estava quase vazio o restaurante, e arrumei-me tranquilamente, numa mesa para dois, junto à janela que dava para a rua, buliçosa, àquela hora.
Estava eu a bater-me, meticuloso por causa das espinhas e do espaço no prato, com três linguadinhos fritos, ladeados por um arroz de cenoura (e açafrão?) e uma salada, quando o casal se sentou na mesa ao lado. Ia eu no segundo trago de um branco de Figueira de Castelo Rodrigo, desconhecido mas delicioso, seco e lotado com Síria e Malvasia Fina, das Beiras. O cavalheiro da mesa ao lado era prolixo, contrastando com a calada companheira. Fiquei assim a saber - mesmo que não quisesse - o itinerário da sua futura Páscoa, acompanhado pela filharada.
Saída matutina para Coimbra (Museu Machado de Castro), com passagem pela Igreja Velha de Sta. Isabel, depois, Braga (Igreja de S. Frutuoso), finalmente, Póvoa de Varzim (S. Pedro de Rates) - parecia uma hagiografia! Os três Santos fizeram-me concluir que a paixão do cavalheiro era pascal e francamente católico-apostólica, de intenções. As criancinhas - informou o palavroso cavalheiro - teriam direito, no museu conimbricense, a uma visita guiada, pedagógica, a 12 obras de arte, de reconhecido gabarito e autenticidade.
Como nota final, posso informar que o casal comeu peixe cozido e bebeu água de Penacova, embora não estivessemos ainda na Sexta-feira Santa...

4 comentários:

  1. A face cultural da beatice, pois então.

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  2. Coitadas das criancinhas - com visita guiada...

    Quanto ao Sinal Verde, tem graça porque já há muito tempo que não ia lá. Fui há cerca de 15 dias com uns amigos e comi uns filetes de linguado que estavam muy buenos.
    Tinha pouca gente (só espero que não feche).
    Gosto de ir a As Zebras.

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    Respostas
    1. É uma das melhores maneiras de deixar de gostar de Museus, desde tenra idade...
      As Zebras (o nome vem de o restaurante estar entre passadeiras, na rua), não as frequento muito, Mas ao Sinal Verde vou mais.

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