Na minha adolescência, Giovanni Papini (1881-1956) teve lugar cativo e era um dos meus escritores predilectos - li muita coisa dele embora, com obra muito vasta, muita coisa tivesse ficado por ler. Só mais tarde vim a saber que, do ponto de vista político, o escritor italiano teve um percurso algo controverso. Adiante.
Creio que muita gente terá a experiência de algum acontecimento funesto ou menos feliz que, a médio ou longo prazo, pôde vir a resultar numa deriva positiva futura, não esperada, na sua vida. É isso que Papini tenta provar em Desgraças Afortunadas (pg. 100), pequeno capítulo do livro Vigia do Mundo (Livros do Brasil, 1955), com alguns exemplos.
Que passo a transcrever:
Giambattista Vico tornou-se inteligente só depois de uma queda pelas escadas abaixo; Goya pintou as suas obras mais originais depois de uma cura da paralisia; Beethoven encontrou os gritos mais sublimes da alegria depois que se tornou surdo; Leopardi escreveu as líricas mais perfeitas depois de se tornar corcunda; Proust escreveu a sua obra-prima quando a asma o impediu de continuar a estulta vida mundana.
muito catolicamente digo que Deus escreve direito por linhas tortas.
ResponderEliminarÀs vezes...
EliminarPapini também foi um autor que li na minha adolescência, nas edições da Livros do Brasil, mas não li este Vigia do mundo nem me lembro dele. Vai já para a lista dos livros a ler. :)
ResponderEliminarNão sabia que Leopardi era corcunda. Parece-me que só há um retrato dele.
Bom feriado!
Posso passar-lho, em breve...
Eliminar"Gog" foi uma das obras de que mais gostei.
Quanto a Leopardi, tenho um poema dele no Arpose (29/6/2012), muito bem traduzido por Pedro da Silveira.
Bom resto de Feriado.
APS,
ResponderEliminarDe Papini li "Um homem liquidado" e gostei bastante. É autobiográfico.
Não é de todo, dos títulos mais conhecidos do autor, mas recomendo.
Boa tarde!
Obrigado. Esse não li.
EliminarMas poucos me faltaram, da Livros do Brasil.
Bom final de tarde.