sexta-feira, 14 de junho de 2019

Dos excessos e suas alternâncias


Longe vai o tempo em que se dizia: gordura é formosura. Talvez de norma e moda, na época de Camilo, em Portugal, e Ana Plácido não destoava, nesse particular atributo. Segundo um estudo recente e credível, na Inglaterra, uma em cada cinco crianças, até aos 11 anos, é obesa; e com a adolescência, a percentagem aumenta. Uma das razões será da junk food largamente consumida, sobretudo nas classes britânicas mais baixas. Por cá, eu chamo-lhe: fome de séculos, por razões históricas.
Mas também a arte se faz eco destas flutuações de moda ou de estética. Basta lembrarmo-nos dos camponeses de Bruegel ou das mulheres anafadas de Rubens, até chegarmos aos modelos rotundos de Botero. Pelo meio, teremos a elegância dos nus de Cranach e as silhuetas harmoniosas de alguns Dürer. Pelo século XIX/XX, Renoir e Léger voltam à rotundidade curvilínia, mas creio bem que Alberto Giacometti não desdenharia ter Twiggy como modelo preferido para as suas esculturas...


6 comentários:

  1. Mas Botero surpreende-nos com umas anafadas bem dispostas.

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    1. Curiosamente, as pessoas gordas, com frequência, parecem ser mais bem dispostas do que as magras.

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  2. Fora de modas, estou cada vez mais convencida que a culpa da obesidade é da comida barata, pobre em nutrientes, mas rica em hidratos de carbono e gorduras (vulgo "junk food"), que não existia antigamente. Bom dia!

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    1. Os sumos "açucaradíssimos" também me parecem ser altamente responsáveis por alguns "monstros" que vamos vendo pelas ruas.
      Bom dia.

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  3. não é a gordura no sentido de ser anafado(a) que me preocupa, mas a falta de nutrientes essenciais e o excesso de hidratos de carbono e de gorduras ou açúcares no sangue e que, irremediavelmente, vão gerar pessoas doentes que vivem menos e com menos qualidade. Se pensarmos nas crianças obesas por fast food e similares, então, os pais, em cujos filhos ninguém pode tocar porque cai o carmo e a trindade, o que são eles em relação aos males que causam nos seus tão amados rebentos. Para além de ignorantes (os de menor número).

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    1. Cada um vê pela sua perspectiva. E eu não referi sequer a falta de sentido estético que esta gentinha enorme (não) tem, ao ver-se ao espelho.

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