segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Mercearias Finas 135


Com a descida brutal das temperaturas, ressentiu-se a coluna e convocaram-se os queijos. Para depois do conduto, a seguir a um peixe assado, escoltado que foi, e bem, por um branco alentejano (Herdade dos Coteis, 2016), robusto mas macio.
Nesse particular, um Fratel, mais seco, e um Serra, mais generoso e babão. Havia que acompanhá-los, portanto, com a dignidade e nobreza que merecem. Por outro lado, recebíamos, ontem, um casal amigo de peito, que tem sabor enófilo e mundo de experiências variadas. Havia que estar à altura...
Ora, eu que conheço muito pouco de vinhos estrangeiros, tenho duas fixações teimosas, duas fés enófilas inabaláveis, que nunca me deixaram ficar mal: o Châteauneuf-du-Pape, em França, e o Barolo, na Itália. Ambos tintos, normalmente, de qualidade.
Há anos, alguém que de vinhos sabe e saber tem, em ocasião festiva, ofertara-me este Châteauneuf (Vignobles de Jean Avril), colheita de 1995, que eu guardara, religiosamente, na garrafeira, a esperar "o vento que o merecesse" - para plagiar  Eugénio que o disse por outras palavras e motivo, mas para sempre.
Como era de marca o vinho e tinha os seus provectos 14º, achei que era de guarda. E não me enganei.
Com os seus 23 anos, de bela juventude, abriu-se às 10 e começou a saborear-se cerca das 13h40, para satisfação plena e colectiva, acompanhando os dois queijos portugueses que, patrioticamente, mereceram esse vinho de eleição.
Não quero entrar em redundâncias, nem exageros barrocos - o vinho era magnífico. Parecia ter a elegância suprema de alguns, raros, vinhos do Dão e a força tranquila dos melhores do Douro. Assim mesmo, sem tirar, nem pôr.
Disse.

6 comentários:

  1. E nós que não gostámos do Châteauneuf-du-Pape, que provámos há uns três anos :-( Se calhar, o segredo estava em esperar umas horas até consumir. Novatos que somos nestas andanças, não o soubémos tratar dignamente, está visto!
    Bom dia

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    1. Vale sempre a pena deixar oxigenar os vinhos, 1 a 2 horas, mais se for um vinho tinto velho, como era o caso deste Châteauneuf.
      Se gostam, é porque têm bom gosto..:-)
      Uma boa semana.

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    2. Lembrou ontem o rapaz lá em casa e tive eu que vir acrescentar aqui: descobrimos o "Châteauneuf..." num episódio do "Castle". Achamos que, caso não conheça, é capaz de graça a um filme que se chama "Faça Favor", com o Daniel Auteil, no qual os vinhos têm alguma importância no desenrolar de parte da história.
      Bom dia

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    3. Lá irei. Grato pela dica..:-)
      Bom dia, apesar da chuva.

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  2. Não percebo nada de vinhos e não fixo marcas estrangeiras, nem castas sejam nacionais ou não. Só sei se gosto ou não gosto, quando os bebo. E também não sei que vinhos se devem guardar. :(
    Boa semana!

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    1. Por cá, de uma forma geral, vinhos lotados com Touriga Nacional ou Tinta Roriz (Aragonês, no Alentejo) têm potencial de envelhecimento e longevidade.
      Bairrada e Dão, quando bons, melhoram com o tempo e, normalmente, aguentam-se uns anos. É falível, mas diria até 8 anos...
      Bom dia.

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