domingo, 14 de setembro de 2014

A par e passo 106


Nada de mais "nobre" do que a expressão, o olhar, o acolhimento, o sorriso e os silêncios de Mallarmé, inteiramente devotado a um fim secreto e alto. Tudo nele procedia de algum princípio sublime e reflectido. Actos, gesto, propósito, mesmo quando familiares; até mesmo as suas invenções mais fúteis, os nadas muito graciosos, os pequenos versos de circunstância, (em que ele não deixava senão surgir a arte mais rara e mais sábia), tudo procedia do puro, tudo parecia conformar-se à nota mais grave do ser, que é a sensação de ser único e de existir apenas uma vez.
Seria por isso necessário que ele não consentisse senão na perfeição.

Paul Valéry, in Variété III (pg. 19).

Nota pessoal: o meu insuficiente conhecimento da obra de Stéphane Mallarmé (1842-1898) não me permite ter uma opinião fundamentada sobre esta citação de Valéry, a propósito do poeta simbolista francês.

2 comentários:

  1. Mas eu percebi a citação. O espelho!

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  2. Ainda bem, e talvez tenha razão.
    Mas esta citação teve uma virtualidade benéfica, para mim: já tenho à mão algumas poesias de Mallarmé, para o ir reler...

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