Mas no homem, que está dotado de memória, de atenção e de faculdades de combinação e antecipação para além do necessário, a ideia de morte, deduzida de uma experiência constante e, por outro lado, absolutamente incompatível com o sentimento de ser e o acto da consciência, essa ideia desempenha um papel importante na vida. Ela excita, ao mais alto nível, a imaginação que convoca. Se o poder, a perpétua iminência e, em suma, a vitalidade da ideia de morte se restringisse, não saberíamos o efeito que provocaria na humanidade. A nossa vida organizada tem necessidade das simples propriedades da ideia da morte.
Paul Valéry, in Variété III (pgs. 189/90).
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