Curiosamente, numa altura em que
o cenário da emigração do Sul para o Centro da Europa se repete, é da Alemanha
que surgem as notícias sobre uma efeméride que, afinal, continua a passar ao
lado das preocupações principais da construção da Europa, ou seja, o ser humano
como fundamento das instituições democráticas.
Parece que foi no dia 10.9.1964
que mais um emigrante – no caso um cidadão português – chegou a uma das
estações de comboio de Colónia. Mereceu um destaque na imprensa da altura, como
se vê pela imagem acima, porque era o emigrante 1.000.000 a alcançar o seu
destino.
De facto, os anos sessenta eram
tempos em que passámos a conviver com pessoas vindas do Sul da Europa e que,
por motivos económicos, se alojavam à nossa volta. Com o devido desconto
normalmente atribuído a uma pretensa evolução da sociedade, convenhamos que os
contactos eram, tanto no passado como hoje, resultado de um espírito mais
esclarecido dos cidadãos do que de uma famigerada “política de integração”.
Com a devida distância, os
cenários repetem-se. Com a diferença de que a apetência do capital exige,
actualmente, “pessoal qualificado”, sendo apoiado, nessa exigência, mais uma
vez pelas forças políticas do país de “acolhimento” em detrimento dos custos de
formação ora remetidos aos países de origem e com as implicações que bem conhecemos.
De toda a memória vivencial de
contacto com os primeiros emigrantes, sem excluir a realidade actual, fica a
revolta profunda de uma Alemanha oportunista e desumana, sob a égide, tanto no
passado como no presente, do partido maioritário no Governo.
Não se poderá aceitar, em
consciência, como a CDU/CSU continua a apoiar associações reaccionaríssimas de
refugiados do pós-guerra e dos antigos domínios do leste da Europa, a não ser
como tropa de choque de partidos da direita, sem ter nenhuma política
consistente, no passado como no presente, relativamente aqueles que escolhem a
Alemanha como país não só para trabalhar como para VIVER.
Post de HMJ
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