quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Os sentidos da vida, segundo D'Annunzio


"Nunca o sentido da vida é mais doce do que depois da angústia da dor; e nunca a alma humana se inclina mais para a bondade e para a fé como depois de ter pressentido o abismo da morte. O homem compreende, quando se cura, que o pensamento, o desejo, a vontade, a consciência da vida, não são vida... Ele percebe que a sua vida real é, como sempre foi, não a que ele vive, mas sim a combinação do involuntário, do espontâneo e das sensações instintivas; é tudo aquilo que é harmonioso e misterioso na vida vegetativa; é o seu imperceptível desenvolvimento em todas as suas metamorfoses e renascimentos. E é precisamente esta vida dentro da qual existe, e nela desperta, o milagre da convalescença: ele cicatriza as feridas, remedeia as perdas, reconstrói os tecidos, renova a carne lacerada, restaura a mecânica dos orgãos (...) e retoca a chama da esperança no coração, abrindo de novo, e uma vez mais, as asas às quimeras da fantasia." *
Gabrielle d'Annunzio (1863-1938).

* a tradução do texto de D'Annunzio foi feita sobre a versão inglesa.

2 comentários:

  1. É, na verdade, um texto excelente.
    O facto de D'Annunzio ter sido ferido, várias vezes, terá decerto contribuido para a lucidez das suas palavras "de experiência feitas".

    ResponderEliminar