Na profusão de bonecada que,
actualmente, enche a casa e os quartos das crianças, será, certamente, difícil
de imaginar qual o objecto que sobreviverá na memória visual da pequenada.
Entre ursos e bonecas não
chegou ao número dez, retendo na memória, ainda, cerca de cinco bonecas que já
não fazem parte do meu universo, espalharam-se, algures, na voragem do tempo.
Em casa guardo uma boneca, que já teve a sua apresentação no ARPOSE, e o meu
urso, velhinho, com as patas e as mãos remendadas.
Ora, uma boneca da marca “Käthe
Kruse” era, na minha infância, o supremo desejo, inalcançável. Nas visitas às
lojas de brinquedos, lá mirava as bonecas, feitas de pano, com cabeça tipo louça
e cabelo natural. Era objecto para casas abastadas. A marca registada tem o
nome da actriz e produtora de bonecas Käthe Kruse (1883-1968) que, depois de
fazer os bonecos para as suas filhas, iniciou a sua produção em 1911.
Mas, como há dias de sorte,
ganhei, na recta final da minha vida, uma boneca destas, que aqui se apresenta:
Durante a recente estadia na
casa da minha amiga, ela abriu o seu
velho baú e mostrou-me uns vestidos de bonecas, para escolher e levar o que
quisesse. Depois dos vestidos veio a sua colecção de bonecas. Algumas partidas,
outras bem guardadas. Lá espreitei e vi a boneca “Kathe Kruse”. À pergunta se
eu queria a boneca, quase não houve contenção de delicadeza na minha resposta.
Assim veio a boneca para
Portugal. Tem ca. de 39 cm e o número 2/7777 gravado na planta do pé. Lavei-a,
com muito cuidado, com água morna e sabão CLARIM, avivando-lhe a cara com óleo
de amêndoas doces. Um dos sapatos, como se pode ver pela imagem abaixo, foi
preciso colar depois de limpo com o mesmo sabão e cotonetes.
Depois, vesti-lhe o fato
antigo da minha outra boneca. Falta apenas encontrar umas meias, umas cuecas e
uma outra blusinha para condizer com a saia que trazia, toda bem feitinha pela mãe
da minha amiga.
E aqui está ela, a
recém-chegada à minha colecção de bonecas.
Post de HMJ