A eternidade são três gerações; às vezes, apenas duas - disse-o eu, aqui, não há muito tempo, a propósito de ter perguntado a um amigo se ele sabia o nome completo, pelo menos, de um dos bisavôs. Quantas das nossas fotografias de família - em caixas de cartão, ou álbuns amarelecidos pelo tempo - nos são anónimas? Quantos rostos destes se nos perderam na memória e já nem os lembramos de nome?
Há dias atrás, ao ler "Le Fils" (1957), de Simenon, verifiquei que a questão da "eternidade de três gerações" era também abordada, por outras palavras, no romance do escritor belga. Admitir o facto é, pelo menos, um passo em direcção à realidade. Os heróis de hoje são, frequentemente, os fantasmas esquecidos do futuro. Como os acontecimentos, as revoluções - quase tudo tem prazo de validade coeva e efémera.
Quantos tiranos o tempo não reabilita, infelizmente? Muitas vezes, até para justificar novas tiranias.
Por isso, não me parece prudente empolar os heróis, gritar a paixão do dia para marcar a agenda do futuro. Que esse futuro pode vir a ignorar pela estranheza e pelo distanciamento.
Aos simples, a simplicidade.
Por acaso eu tb não sei. Aliás, só conheci uma bisavó.
ResponderEliminarSei que é um bom exercício "histórico", mas nunca me deu para fazer a árvore genealógica.
Amadoristicamente, tenho uns apontamentos da minha árvore, mas incompletos...
ResponderEliminarO normal é sabermos os nomes só até aos avós. A menos que se investigue, em profundidade.