Sabe-se pouco sobre Joaquim Fortunato de Valadares Gamboa (1745-1815) e, o pouco mais que se sabe, hoje, é devido ao trabalho persistente e silencioso de Pedro da Silveira (1922-2003), também ele poeta, que publicou em 1999, em edição de "O Mirante - Jornal da Região do Ribatejo", Santarém, uma "Antologia Poética" do autor, na colecção "Alma Nova".
No panorama, um pouco desolador, da poesia portuguesa do sec. XVIII, encontram-se, por vezes, pequenas "pérolas" de poetas (quase) desconhecidos que nos deixaram versos que merecem alguma atenção. Eu tinha lido Valadares Gamboa no princípio dos anos 80, e sempre gostei deste soneto despreocupado mas realista, simples e despretencioso que o poeta,nascido em Lisboa, na freguesia da Madalena, escreveu à beira-rio. Aqui vai ele:
"Os seus nédios rebanhos pastorando
Além andam no campo os pegureiros;
Ali na seca praia estes barqueiros
A rota lancha estão calafetando;
Sobre as tortas fateixas balançando
Vejo dos ovarinos dois saveiros;
Carregado de pobres passageiros,
Um côncavo batel cá vem chegando;
Lá vão barcos à vela de água acima;
Aqui passa de gente uma barcada;
Aquele ao duro peito a vara arrima;
Eu sobre esta muralha escalavrada
Isto que vejo vou compondo em rima,
Porque não tenho que fazer mais nada."
Não me lembrava deste poeta.
ResponderEliminarPedro da Silveira também fez belas traduções dos seus poetas de eleição - Mesa de amigos.
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