domingo, 10 de janeiro de 2010

Um Poeta (quase) desconhecido

Sabe-se pouco sobre Joaquim Fortunato de Valadares Gamboa (1745-1815) e, o pouco mais que se sabe, hoje, é devido ao trabalho persistente e silencioso de Pedro da Silveira (1922-2003), também ele poeta, que publicou em 1999, em edição de "O Mirante - Jornal da Região do Ribatejo", Santarém, uma "Antologia Poética" do autor, na colecção "Alma Nova".
No panorama, um pouco desolador, da poesia portuguesa do sec. XVIII, encontram-se, por vezes, pequenas "pérolas" de poetas (quase) desconhecidos que nos deixaram versos que merecem alguma atenção. Eu tinha lido Valadares Gamboa no princípio dos anos 80, e sempre gostei deste soneto despreocupado mas realista, simples e despretencioso que o poeta,nascido em Lisboa, na freguesia da Madalena, escreveu à beira-rio. Aqui vai ele:
"Os seus nédios rebanhos pastorando
Além andam no campo os pegureiros;
Ali na seca praia estes barqueiros
A rota lancha estão calafetando;
Sobre as tortas fateixas balançando
Vejo dos ovarinos dois saveiros;
Carregado de pobres passageiros,
Um côncavo batel cá vem chegando;
Lá vão barcos à vela de água acima; Aqui passa de gente uma barcada;
Aquele ao duro peito a vara arrima;
Eu sobre esta muralha escalavrada
Isto que vejo vou compondo em rima, Porque não tenho que fazer mais nada."

2 comentários:

  1. Pedro da Silveira também fez belas traduções dos seus poetas de eleição - Mesa de amigos.

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