domingo, 17 de janeiro de 2010

Memórias de Infância




Theodor Storm, Pole Poppenspäler



Theodor Storm (14.9.1817 - 4.7.1888), escritor alemão - de poesia e prosa - integra-se numa corrente literária do Realismo que, com cambiantes e influências próprias, cobriu, genericamente, o espaço europeu da segunda metade de século XIX.

São as novelas de Th. Storm que, no momento, mais nos interessam. Falamos, então, de pequenas narrativas em que a sua terra dos Frísios encontra, para além do enredo, um cativante espaço geográfico e afectivo a descobrir. São, de facto, os nativos que, por norma, conseguem traduzir melhor a singularidade do seu ambiente de pertença.

No entanto, o que poderá cativar, ainda, a leitura das pequenas novelas de Th. Storm, não sendo ele um dos escritores realistas de primeira linha, será, porventura, a frescura das suas palavras. Emprestando, com frequência, a sua voz a uma personagem de tenra idade, transporta-nos para um universo ficcional duplo. O enredo no seu conjunto, marcado por uma perspectiva realista do universo ficcionado, transmitido pelo olhar das crianças. A diferença de escala da vida dos adultos tem, para os pequenos, um encanto que, não obstante a rudeza do real, se transforma em mistério.

A pequena novela Pole Poppenspäler - com cerca de 300 edições registadas na Biblioteca Nacional da Alemanha, traduzida em vários idiomas, entre eles o inglês e o francês - conta-nos a vida, quiçá miserável, de uma família de saltimbancos que se dedica, de alma e coração, à apresentação de espectáculos de marionetas. Uma vida reprovável pelos adultos nativos de qualquer localidade, embora acolhida num espaço e numa realidade de trabalho sem grandes momentos de lazer, fará, no entanto, o encanto das crianças. Sem preconceitos percorrem os espaços estranhos da representação, convivem com os forasteiros, tornam-se amigos e, nos final, até marido e mulher.


Para sublinhar o encanto da escrita para a infância, e não só, nada melhor que recordar a Sinfonia de Brinquedos do pai de Mozart.


Post de HMJ

1 comentário:

  1. Desconheço Theodor Storm, mas o apetite ficou aguçado. Obrigada, HMJ!

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