quarta-feira, 21 de março de 2018

Sobre transvases, nomeadamente, em poesia


Os poetas chegam normalmente tarde a outras línguas, ou, pelo menos, mais tarde do que os prosadores. Quero eu dizer, através de traduções e em tempo muito diferido. Por outro lado, nem sempre encontram o língua exacto e merecido. Que os traia, ao menos, com nobreza e honestidade profissional. Depois, muitas das vezes, o crivo é rarefeito e datado, e a sua poesia perdeu esse frescor de novidade no tempo, acabando por obedecer a critérios de academia e a internacionais de gosto conservador e a interesses muito particulares.
Se, por exemplo, Pessoa teve sorte e oportunidade temporal em França (Pierre Hourcade, nos anos 30), que dizer, em contrapartida, do conhecimento tardio de Cavafy, que chegou a Portugal, somente pela voz esforçada e redentora de Jorge de Sena, já só nos anos 60.

2 comentários:

  1. Mais tarde Joaquim Manuel Magalhães e um grego traduziram-no para a Relógio d'Água, mas continuo a preferir a tradução de Sena.
    Bom dia!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também folheei esse segundo livro de traduções, mas não o comprei.
      Retribuo, cordialmente.

      Eliminar