quinta-feira, 1 de março de 2018

Filatelia CXXII (... e alguma História...)


No período logo após a descolonização africana, e sobretudo nos anos 60, o mundo assistiu a várias tentativas de secessão de partes do território dos jovens países independentes. As mais  importantes terão sido o Katanga (de 1960 a 1963), no ex-Congo Belga, e o Biafra, no sudeste da antiga Nigéria inglesa. Estes surtos independentistas decorriam de mapas feitos, principalmente no séc. XIX, a régua e esquadro (a exemplo do mapa Sykes-Picot de 1916, no tocante à Palestina. E de que ainda hoje a região se ressente, negativamente...), no sossego de gabinetes dos governos europeus, que não levavam em linha de conta as diferenças de etnias, religiões e culturas dos povos africanos. Mas também da cobiça de companhias multinacionais desejosas de se reapropriarem das matérias primas do continente negro, num dissimulado neo-colonialismo de interesses.



Um dos casos mais trágicos terá sido a secessão do Biafra, encabeçada pelo general Ojukwu (1933-2011), da etnia ibo, mas que foi discretamente incentivada pela companhia francesa de petróleos Elf Aquitaine. Mas também apoiada por vários países europeus e africanos, de supremacia branca, como a França, Espanha, Portugal, Noruega, pela Rodésia e África do Sul. Esta secessão era também vista com simpatia pelo Vaticano e pelo papa Paulo VI. A guerra civil durou de 30 de Maio de 1967 a Janeiro de 1970. A tragédia foi de consideráveis proporções, com a morte de milhares de crianças à fome, apesar das ajudas de várias instituições internacionais.
O Biafra chegou a cunhar moeda e emitir selos próprios, de que damos conta da primeira e terceira séries. Bem como reproduzimos os respectivos Envelopes do Primeiro Dia. Por curiosidade, posso informar que o apoio do governo português ao Biafra se dava a partir das ilhas de S. Tomé e Príncipe.

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