sábado, 9 de julho de 2016

L'Obs.


De vez em quando, ainda faço o favor de comprar L'Obs. Não sei se é um favor à minha juventude já distante ou se o respeito por um afecto já perdido.
A revista francesa fez parte da minha aprendizagem política e comecei a lê-la com 24 anos. Pontificava então Jean Daniel (1920), seu fundador, e um pied-noir que foi amigo de Camus. Já afastado, ainda hoje, de tempos a tempos, escreve alguns editoriais, normalmente exemplares, sobre assuntos importantes, que leio com prazer. Ao folhear a revista, previamente, antes de me decidir a comprá-la, na banca lisboeta que frequento, se deparo com um artigo de Jean Daniel, não resisto.
Mas nunca mais voltei a comprar L'Obs. sistemática e indiscriminadamente. O semanário piorou muito ao longo dos últimos anos. Fechou-se também muito sobre a realidade francesa. No grosso do seu miolo têm lugares cativos a política gaulesa, por extensas páginas, o Daesh, o terrorismo de uma forma geral, e os refugiados. Repetidamente. Que saudades do tempo em que falavam de Portugal por causa do 25 de Abril, e em que algumas figuras portuguesas chegaram a fazer capa da revista!...
O jornal Le Monde noticiava, há dias, que a Direcção de L'Obs queria reduzir as despesas em 5 milhões de euros por ano, e que haveria um plano de rescisões amigáveis, em marcha... Eu creio que a culpa é de quem tem vindo a refazer a revista e nas cedências que tem procurado fazer para angariar mais leitores - sem resultado. Normalmente até dedicam 6 ou 7 páginas (cerca de 10% da revista) a assuntos róseos ou quejandos... Há vinte anos atrás, seria um sacrilégio.
Ora isto é como a Igreja ou o Partido Comunista. Se abre muito, definha e morre...

4 comentários:

  1. Respostas
    1. A pretensa dissolução das ideologias levou muita gente atrás...

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  2. Por acaso tenho comprado e os dois últimos números até tinham que ler. Amanhã irei ao meu abastecedor (Livraria Barata) comprar este n.º sobre Rocard.
    Vou geminar.

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