...Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..., como disse Pessanha, a que eu ajuntaria pequenos juncos que vieram dos canaviais das margens do Sizandro, arrumar-se em cónicos e breves montículos na pequena praia de escassas areias, porque estava maré cheia. Dois ou três jovens pardais, da cor da fuligem, saltitavam e debicavam nessas breves colinas de lixo natural, em busca de não sei o quê.
O Sol declinava. À distância, parecia estar apenas a um metro da altura das águas e iluminava nuvens que iam do sulfúreo ao cinzento, passando por um róseo e um ainda mais escasso azul, tímidos. No pequeno bar-restaurante, meia dúzia de estrangeiros jantavam e nós bebíamos café. Um velho lobo do mar encostava-se ao balcão e beberricava um copo de tinto. Ciclicamente, olhava para trás, em direcção ao pôr-do-sol. E entoava, baixo, uma cantilena.
A uma sibilina pergunta da empregada do balcão, respondeu, alto: "Estou a ver se, desta vez, vejo o raio verde!"
E foi aí que eu me lembrei do meu Pai e de Júlio Verne...
E continuou beberricando... :)
ResponderEliminarBom dia!
Absolutamente..:-) Não sei é se foi beneficiado pela imagem (divina) do raio verde... Eu, pelo menos, que estava em boa posição estratégica,não fui..:-(
EliminarBoa tarde!
O "meu" rio tem apenas a diferença de uma letra é o
ResponderEliminarLizandro. No Inverno as margens enchiam-se das coisas
mais estranhas que imaginar se pode. Era um entretenimento.
Depois tudo ia desaguar no mar.Divagações com mar ao fundo,
ligeiramente plagiado.
Rastejei por lá, pelas suas areias na foz, aquando da minha recruta, em Mafra, no longínquo ano de 1968... Agora, quando por lá passo, vejo-o com mais simpatia, já desobrigado.
EliminarJá um dia por aqui falei dos rios da minha vida que, por ordem cronológica foram: Mondego, Selho (é mais um ribeiro), Ave, Tejo, Vouga, Lizandro, Reno...
Um bom fim-de-semana!
A título de curiosidade, se quiser dar uma espreitadela, Maria Franco, deixo-lhe a indicação do poste em que falo do Lizandro: "Inventário sucinto sobre os rios que vão", de 3 de Março de 2011.
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