De estatura mediana e voz
nem delgada nem grossa,
filho decano de um professor primário
e de uma modista que atendia em casa;
débil por nascimento
ainda que devoto em boa mesa;
de faces esquálidas
embora abundante quanto a orelhas;
de rosto quadrado
onde os olhos mal se abrem
e um nariz de boxeador mulato
por cima da boca de um ídolo azteca
- tudo isto banhado
por uma luz entre irónica e pérfida.
Nem muito ágil nem tonto no remate
fui o que fui: uma mistura
de vinagre e azeite de comer
um embutido entre o anjo e a besta.
Nicanor Parra (1914), in Epitáfio (1970).
Não conhecia este poema. Gostei.
ResponderEliminarEste irmão da cantora tecedeira foi editado pelo nosso Nascimento.
Hei-de procurar o livro..:-)
EliminarAinda bem!
Em Santiago do Chile. :)
EliminarBom dia!
... ou na "ebay", que é todo o mundo..:-). Pequenino, quanto a horizontes.
EliminarGostei também. Nunca tinha lido um auto-retrato poético e este é notável. Bom dia!
ResponderEliminarTambém gostei, daí ter traduzido. Bocage, Nemésio e O'Neill também têm bons exercícios nesta temática.
EliminarDo Bocage lembrei-me agora (que o disse). Os outros não conheço mesmo, vou procurar. Bom doa!
ResponderEliminar