Num dos últimos TLS, que li, perguntava-se para que serve um crítico, partindo de uma premissa de Baudelaire. No mesmo jornal literário inglês, mas noutro artigo, citava-se o crítico de arte Robert Walser: There is no elegance without a certain nonchalence. Hesitei em traduzir, para mim mesmo, este nonchalence por desprendimento ou indiferença.
Supervisor do gosto, a isenção do crítico, do meu ponto de vista, sofreu um certo abalo nos últimos tempos, porque raramente deixámos de perguntar se o crítico não estará a soldo de alguém - de uma editora, de uma galeria ou, pelo menos, de uma ideologia. Neste último caso - o menos perturbador - o facto é aceitável, desde que haja uma declaração de interesses...
Académicos, autodidactas ou simplesmente dotados de uma estética própria, os críticos respondem a uma necessidade, do meu ponto de vista: mondar o mau gosto, com frequência, prevalecente nas maiorias. Não é pequena a importância da função.
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