quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Turismo e xenofobia, ou o reverso da medalha


São quase 20h00 e há mais um paquete-jumbo que entra, pelo Tejo, engalanado.
Por vezes, somos tão tolerantes, indiscriminadamente, para com a chamada arte moderna actual, como nos habituaram a ser com a prática democrática em relação a comportamentos que, no íntimo, quase consideramos aberrantes ou desumanos. Os tribunais da Inquisição ou de Nuremberga foram criados, sobretudo, para julgarem europeus, e não se aplicam a jihadistas de califados primitivos. Democracia, sim, mas devagar.
Veneza começou a recusar mais turistas ou, pelo menos, que os paquetes gigantescos globais atracassem nas redondezas, porque lhes minavam ainda mais os seus já deteriorados alicerces submarinos. Os ambientalistas começam a impugnar, um pouco por todo o lado, o CO2 produzido por estes monstros, nos oceanos e nos portos. E até os berlinenses começam a olhar de esguelha estes magotes sucessivos de turistas que lhes invadem a cidade, perturbando a sua vida tranquila do dia a dia.
Na semana passada, no eléctrico 28, um alfacinha de gema encrespava, em legítimo vernáculo, os fotógrafos pasmados e frenéticos, estrangeiros, que coalhavam todo o espaço do seu meio de transporte público diário, para o trabalho. E, quanto a lugar sentado, nem sonhar.  Mochilas, malas, sacos, quase nem permitiam sequer a menor circulação vital e necessária.
Realmente, no 28, entre Março e Outubro, eles são como enxames fervilhantes de estupor...
  

2 comentários:

  1. É incrível que Veneza permita que estes monstros naveguem no Grande Canal. Quando vi, nem queria acreditar!
    Ainda me lembro da Câmara de Veneza ter caído por ter autorizado um concerto dos Pink Floyd na Praça de São Marcos. Mas e estes paquetes a navegarem no Grande Canal? Este mundo está louco! Só vê dinheiro!
    O que me afasta do 28, para além das filas de turistas, são os carteiristas.

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    1. Há realmente, por quase todo o lado (até porque todo o Mediterrâneo está perigoso, bem como o Norte de África...) um aproveitar e fartar, vilanagem...E, quanto ao futuro, logo se vê..:-((

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