quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Reencontro


Os reencontros, passados muitos anos, nem sempre são felizes. Por crescimentos diversos de quem se revê, divergência nos interesses que se aprofundaram entretanto, pelas rugas do tempo na face outrora jovem - sentimento que nem sempre pensamos poder ser recíproco...
Há muito que eu não voltava à poesia de Reinaldo Ferreira (1922-1959) que li, empolgado, em anos de extrema juventude, por um livro emprestado por um amigo. E, hoje, no alfarrabista que frequentemente visito, o livro (em imagem) oferecia-se-me, acusando o tempo, mas até com as páginas por abrir. Lá o trouxe, que o preço era convidativo.
No prefácio, José Régio, certeiro, aponta-lhe as influências de Cesário e Pessoa, com muita justeza. Bem como uma certa desigualdade na qualidade dos poemas. A leitura de "Receita para fazer um herói" já não me empolgou como na juventude. Até porque já nem há a guerra colonial, no horizonte.
Mas continua a ser interessante um pequeno poema que eu quase sabia de cor, e voltei a ler:

Mínimo sou,
Mas quando ao Nada empresto
A minha elementar realidade,
O Nada é só o resto.

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Ainda não (re)li o livro todo, mas alguns poemas aguentaram muito bem estes anos todos...

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  2. O cavalo de todas as cores, julgo que está neste livro. É, para mim, um dos seus melhores poemas

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    1. Na verdade. É um poema sem título (pg. 44), que começa: "Quero um cavalo de várias cores,/ Quero-o depressa, que vou partir./..."

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  3. Sim é esse.
    Também eu, por vezes, quero esse cavalo. Outra vezes digo, daqui a uns tempos!

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