quinta-feira, 16 de junho de 2011

Os 4 Cês da Justiça à portuguesa

Dizem Roquete e José da Fonseca, em dicionário competente, que Justiça é "a conformidade das acções com o direito". É simples, claro e conciso. Dizem os jornais que "os 137 examinandos de um teste do CEJ (Centro de Estudos Judiciários) para futuros juízes, foram apanhados a copiar e, numa decisão corporativa e complacente" (para não dizer, cúmplice), a inefável Direcção do organismo de ensino resolveu, magnânima, corrê-los a 10 valores, rumo à etapa seguinte. É dúbio, injusto, cómodo, irresponsável e mole. 
Único comentário que me ocorre: a Justiça, à portuguesa, no seu melhor, em pleno século XXI. 

6 comentários:

  1. Guardo o meu comentário para outra altura, de preferência com um bife à frente. Nos dias de hoje não consigo falar sobre estes assuntos de barriga vazia...

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  2. Compreendo, c.a.. Entretanto, forçados talvez pela revelação pública, pelas declarações pertinentes do sr. Bastonário dos Advogados (:-)) e pelo remorso, as autoridades do CEJ vão repetir a prova dos futuros (corruptos?) Juízes.
    A Justiça, por dentro, talvez se compreenda entre si. Mas o Zé Povinho, Sancho Pança infeliz e realista, já lhe tirou o retrato, e não se ilude, nem lhe dá, sequer, o benefício da dúvida.

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  3. c.a. acho bem essa do bife, porque já estou farta dos "representantes" dos juízes "a "arrotarem postas de pescada". Imagino o que teriam "arrotado" se isto se tivesse passado noutra classe.
    E desculpem a linguagem.

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  4. Togas da tanga

    O Centro de Estudos Judiciários (CEJ) fez um exame a 137 candidatos a juízes e procuradores do Ministério Público. Isto é, examinou gente que no futuro vai investigar para que se faça justiça e gente que vai fazer justiça. Os examinadores do CEJ consideraram que "a esmagadora maioria dos testes tinha muitas respostas parecidas ou mesmo iguais". Copianço generalizado, pois. Ou quase generalizado, já que talvez tenha havido quem não tenha aceitado a trafulhice. Perante a impossibilidade da destrinça - entre os aldrabões e os outros -, o CEJ decidiu-se pela justiça salomónica: pegou na espada e rachou ao meio os 20 valores máximos do exame: deu nota 10 a todos (como a média costuma ser 13 ou 14, o 10 serviu de sanção). E foi assim que de pequenino se não torceu o pepino destes futuros magistrados. Dificilmente se podia ter encontrado solução mais injusta: os trafulhas, que deviam ter tido 0 (e convidados a ir vender cautelas premiadas aos donos de fortunas ilícitas), tiveram 10; os alunos dignos, que deviam ter tido a sua verdadeira nota, tiveram a nota do arranjinho; e o CEJ, que não soube prever o problema, não foi obrigado a fazer novo exame. Ah, já me esquecia: o teste era sobre Investigação Criminal! Depois admirem-se que os filhos destes exames, não sabendo investigar, se safem fornecendo a jornalistas, rafeiros como eles, fugas ao segredo de Justiça. São fugas nota 10.

    Ferreira Fernandes
    DN, Lisboa, 16 Jun. 2011

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  5. Obrigado, MR, pela transcrição da crónica de Ferreira Fernandes.
    Mas parece que a "telenovela" continua e não é certo que a prova vá ser repetida - as "instâncias superiores" da Justiça à Portuguesa, vulgo CEJ, debruçam-se sobre o "momentoso" problema, para uma decisão final.
    Para remate, parece haver nestes "justos senhoritos" alguma falta de inteligência, bom senso e, sobretudo, princípios... E, como toda a gente sabe, são um centro de poder independente...que deus nos livre deles! Se calhar, ainda é melhor recorrer à Justiça de Fafe...

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