terça-feira, 7 de junho de 2011

A Maioria Silenciosa


Para quem, como eu, era adulto no ano de 1974, esta expressão (maioria silenciosa) tem um significado, pelo menos, conservador. Foi um movimento de pessoas que, em Setembro desse ano, tentou, através de uma manifestação e de uma tourada, na Praça do Campo Pequeno, reforçar os poderes do PR em exercício. Não o conseguiram, e o general Spínola viria a demitir-se pouco tempo depois. Mas não vou falar de política, aqui. O assunto é outro.
Diz-me a experiência e as estatísticas que, num conjunto de 100 visitas ao Arpose, no máximo, apenas 2 ou 3% se manifestam, participam, comentam os postes. Os restantes mais de 95% ou se calam, ou vem para sugar uma informação ou imagem, e, provavelmente, não têm qualquer opinião sobre o teor dos postes colocados - são o que eu chamo: a maioria silenciosa. Por ironia, é assim que se constrói uma ditadura. Ou pode construir, num plano mais elevado e geral.
Este facto poderá ajudar a perceber que o grande vencedor, nestas recentes eleições, foi, uma vez mais, a abstenção. Os portugueses, de uma forma geral, parece não terem opinião, ou serem tímidos a expressá-la. Daí a debilidade da nossa sociedade civil que, muito raramente, assume iniciativas ou luta por causas.
Mas o mais curioso é que nesta "maioria silenciosa", cerca de 40% são visitas brasileiras. E eu que julgava que os nossos irmãos brasileiros eram expansivos, criativos e extrovertidos!...Enganei-me. Claro que o Carnaval são só 3 dias... Porém, uma ou outra vez, uma ou outra "search word" vinda do Brasil, desvenda alguma coisa. A última, que me deixou perplexo, foi uma brejeirice curiosa: "angela cezario metendo gostoso", mas o puritano do motor de busca do Google fez de conta e, moralista religiosamente, trouxe o pesquisador maroto até ao poste "Bibliofilia 11 - Cesário Verde". O investigador deve ter ficado frustradíssimo, coitado...

2 comentários:

  1. Quase nove milhões e meio de eleitores? Parece-me muito. Curiosamente, na mesa onde votei, os membros estavam entusiasmados por ser esta a eleição mais participada dos últimos tempos.
    Tenho a sensação que os portugueses vão resistindo, 'malgré tout'. A questão é: até quando?
    Deixo-lhe o link para as declarações de Eduardo Galeano, de há uns dias, em Barcelona [na esperança de suscitar um post, já que não sei nada sobre ele... :-)]
    http://youtu.be/mdY64TdriJk

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  2. Os cadernos eleitorais estão cheios de mortos (nos 2 sentidos...:-)), há quem fale em cerca de 1 milhão de eleitores que não foram descarregados - que me parece provável, em falecidos, realmente.
    Desta vez, tive de engolir um sapo, e fechar os olhos, como o Cunhal uma vez aconselhou...
    Obrigado, c. a., pela dica, irei ver.

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