sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Regionalismos ilhavenses (13 e último)


Finalizamos, hoje, esta mini-antologia temática que fomos colhendo de Palabras co bento no leba, obra levada a cabo por Domingos Freire Cardoso (1946), ilhavense ilustre, que assim testemunhou, em livro, o amor à terra que o viu nascer. E que contou com algum apoio colateral de amigos desinteressados, mas conhecedores do linguajar popular de Ílhavo, que foram confirmando vocábulos, ajuntando expressões e animando o Autor, nesse longo labor, de persistência feito.


Aqui vão, portanto, os últimos 10 regionalismos ilhavenses:

1. Talaborda - pessoa que fala demais, sem saber.
2. Tanòca - gorda; espiga de milho grande.
3. Tarrinca - pessoa difícil de aturar, teimosa, que implica com os outros.
4. Tèjeiro - pescador de Ílhavo que ia fazer safras de pesca no rio Tejo.
5. Tòra - chouriça; rodela de chouriça que se põe numa malga de caldo-verde.*



6. Tròte - operação que consiste em separar a cabeça do bacalhau que é conservado à parte.
7. Uriête - pessoa que quer tudo, que rapa tudo.
8. Xana - o que fica em último em qualquer competição.
9. Zarrão - homem grande, saudável. (abreviatura de homenzarrão.)
10. Zoira - rapaz vadio, estróina; grande velocidade.



* tal como penso, e já referi, acontece que, às vezes, determinados regionalismos surgem em localidades distintas e até distanciadas geograficamente, sendo difícil, por essa osmose e viajar na boca do povo, atribuir-lhes, com segurança o seu local verdadeiro de origem. É o caso do regionalismo Tora que, sem o acento grave, era usado com o mesmo significado, na minha casa, como em outras casas vimaranenses, pelo menos, nos anos 50/60 do século passado.

P. S. : o meu mais sincero agradecimento a AVP, que me ofereceu o livro, generosamente. E ao autor, Domingos Freire Cardoso, que me proporcionou um acréscimo lexical, bem como a base e matéria prima destes postes, que fui registando, com gosto, no Arpose.

4 comentários:

  1. Cumpre-me, mais uma vez, agradecer o trabalho do Autor deste blogue que, ao longo de meses, foi desenvolvendo um trabalho complementar e paralelo ao meu. Ao logo de meses foi mostrando o resultado da sua consulta aturada, persistente, empenhada, cuidada e curiosa sobre o conteúdo do meu livro "Palabras co bento no leba".
    Para finalizar, como num clímax de beleza, apresenta três fotografias lindíssimas: primeiro, os lavadouros públicos que eram as mais autênticas redes sociais de convívio humano directo onde, entre a cumplicidade da roupa de cama e de trazer, se falava da vida de toda a gente que se conhecia nas redondezas. Durante essas sessões de lavagem de roupa, como aqui se diz "Enterravam-se vivos e desenterravam-se mortos" (quer dizer, para quem não souber, que se falava dos vivos e dos que já tinham ido...). De seguida, uma cena da pesca do bacalhau e sobre ela gostaria de dizer que, no mar, quanto mais se pescasse num dia mais tarde se deitavam os homens pois não iam para o beliche sem deixar todo o peixe amanhado, lavado e salgado. Esta é mais uma achega sobre a rudeza desta vida de bacalhoeiro.
    Para finalizar, uma fotografia da Casa Africana que fica à entrada de Ílhavo, vindo de Aveiro. É um belíssimo exemplar de Arte Nova de que esta região (nomeadamente Aveiro) é fértil.
    Por fim, resta-me deixar o meu "Muito obrigado!" e disponibilizar-me para o que for preciso e estiver na minha mão.

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    1. Eu é que agradeço as suas gentis e amáveis palavras. E as novas achegas ou impressões sobre os lavadouros ("autênticas redes sociais...") e sobre a dura labuta dos pescadores dos bacalhoeiros.
      Foi um ameno convívio este que mantive com a sua monumental obra, convívio que me enriqueceu culturalmente e do ponto de vista vocabular.
      Oxalá o seu livro tenha a divulgação e o futuro que bem merece!
      As melhores saudações cordiais.

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  2. Esta antologia tem muita piada. Bom Sábado!

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    1. É uma obra ímpar, e que se lê com imenso gosto.
      Bom fim-de-semana.

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