Se há personagem controversa, no mundo da literatura, creio que Alexander Soljenítsin (1918-2008) leva a palma, muito provavelmente, neste particular.
Tudo terá começado por uma carta, que escreveu a um amigo, em 1945, em que fazia duras críticas a Stalin. A missiva foi apreendida pela polícia política soviética e o escritor foi preso. Por aqui se iniciou a peregrinação dolorosa e a sua fama errática. E a sua carreira de romancista.
Tempos da Guerra Fria, o Ocidente, a partir dos primeiros livros publicados, sempre o amimou, enquanto na URSS a sua figura ia passando por altos e baixos. Conservador, para alguns, inovador para outros, Soljenítsin sempre pensou pela sua própria cabeça e em liberdade. Premiado com o Nobel, em 1970, só em 1974 o veio a receber. Mas neste mesmo ano foi expulso da sua pátria e foi-lhe retirada a nacionalidade soviética.
Em 1994 regressa à Rússia e, no ano de 2007, conhece e simpatiza com Putin. Sentimento recíproco, da parte do político. Que, neste ano da graça de 2018, acaba de assinar um decreto presidencial, para que o centenário do seu nascimento possa ser celebrado condignamente.
Ironias do destino, o poder acaba sempre por capturar, aproveitar e rentabilizar os ícones simbólicos que lhe possam trazer mais valias...
Ironias do destino, o poder acaba sempre por capturar, aproveitar e rentabilizar os ícones simbólicos que lhe possam trazer mais valias...
Este tipo de percursos é relativamente comum, sobretudo quando a institucionalização vem já com a idade avançada ou depois da morte. Há casos dramáticos. Bom dia!
ResponderEliminarÉ, realmente, recorrente este oportunismo dos poderes e até as releituras das obras, de acordo com as conveniências dos regimes. Nojento, muitas vezes...
EliminarUma boa tarde.