domingo, 13 de novembro de 2016

Um poema de Gérard de Nerval, traduzido por Jorge de Sena


A Prima


Tem seus prazeres o Inverno; e ao domingo, às vezes.
se o sol pousa na neve dos jardins burgueses,
a gente sai com a prima a passear...
- E não se esqueçam lá da hora do jantar -

- é o que a mãe diz. E quando nós já vimos todos
os vestidos em flor passando entre o arvoredo,
a menina tem frio... e lembra com bons modos
como a névoa da tarde vem chegando cedo.

Voltamos para casa recordando o dia
que tão rápido foi... e que tão pouco ardia...
E do fundo da escada cheira-se esfomeado
o perfume, lá em cima, do peru assado.


in Poesia de 26 Séculos (Inova, 1972)

4 comentários:

  1. Nem o autor conhecia...
    Que maravilhoso poema traduzido por alguém de quem muito admiro a obra poética.
    As Cartas a Mécia é um dos livros que tenho à cabeceira ( sempre à mão, portanto ).

    Abraço.

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    1. Um grande tradutor, Jorge de Sena.
      Permita-me uma sugestão: não perca a correspondência entre Sena e Eugénio de Andrade, livro que saiu há pouco. E que ando a ler, entusiasmado.
      Saudações cordiais.

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  2. Este poema de Nerval é encantador.
    Boa semana!

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