quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Osmose 85


O Outono tem destas fraquezas, mescladas de melancolia amarelecida a tender para o silêncio...
A infância é muitas vezes um universo reconstruído, em que parte das personagens se vão afeiçoando à nossa imaginação posterior. Há, por isso, se querermos ser sinceros ou exactos, de usar de algum pudor. Podemos, embora, ter gasto ternura e afecto, com razão bastante, justificadamente, por figuras que se nos colaram à memória; mas são muito raros os vilões que ainda aparecem na fotografia, e surgem apenas para dar credibilidade ou constituir o necessário contraditório da veracidade das histórias que vamos recontando a nós mesmos, no íntimo aposento da melancolia outonal.

2 comentários:

  1. Gosto da palavra melancolia, talvez por ter alguma
    semelhança com tristeza. E o Outono é propício à
    tristeza. Hoje ao visitar na Cinemateca e na Sociedade
    de Belas Artes uma exposição de cartazes de filmes
    portugueses voltei atrás no tempo quando ainda muito
    nova ia ao cinema com o meu pai. E soube-me bem esta
    recordação, nostálgica.
    Gostei mesmo muito, do seu texto.
    Boa noite.

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    1. A melancolia é, na minha perspectiva, uma espécie de antecâmara da tristeza - que eu evito, e onde muito raramente entro. Embora, muitas vezes, os estados de espírito sejam difíceis de contrariar. E a data de hoje, duplamente, é sempre um pouco pesada, para mim.
      Agradeço as suas palavras.
      Uma boa noite, também.

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