terça-feira, 10 de agosto de 2010

Guimarães Rosa, e as visitas brasileiras do Arpose


João Guimarães Rosa (1908-1967), algures na sua obra (desculpem a preguiça de não procurar, por causa deste calor...), fala de uma senhora que, ciclicamente, fazia uma visita a uma família, demorando cerca de uma hora. Nesse período de tempo, entrava e saudava os presentes, no início, sentava-se, pronunciava três ou quatro monossílabos, uma frase quando muito; levantava-se, despedia-se e ia embora. Ora, isto contraria radicalmente a ideia que nós, portugueses, temos dos nossos irmãos brasileiros: que são mais tagarelas. Ou que os brasileiros são "portugueses alegres", e os portugueses, "brasileiros tristes". Claro que há muitos brasis: Paraná, Sta. Catarina e Rio Grande do Sul são um país diferente, por exemplo, de Minas Gerais ou Baía.
Isto vem a propósito de uma inusitada consulta ou visita, hoje, de brasileiros ao Arpose. Que são sempre bem-vindos!, esclareço desde já. Cerca de 20% das visitas vem das Terras de Santa Cruz. E, a maior parte, dirigem-se directamente ao poste "Receitas poéticas" (ao engano ou por engano, certamente). Diz-me HMJ que deve ser por causa desta moda da "Escrita Criativa" que dá de comer a dois ou três professores universitários portugueses que souberam aproveitar esta efemeridade. E, também se calhar, a umas dezenas de docentes universitários brasileiros. Um alerta: quem se lembra de Júlia Kristeva ou do estruturalismo, hoje em dia?...são tudo "nuvens passageiras"...
Amigos e irmãos brasileiros, se a questão é a "Escrita Criativa", não procurem no Arpose. Leiam Guimarães Rosa, do princípio ao fim, que é muito mais útil. Mas o que também me surpreende, destas centenas de visitas brasileiras ao Arpose, é o silêncio que as acompanha. Apenas uma deixou, uma vez, um comentário. Serão tímidos?, estudantes ferrenhos e sem tempo?, excessivamente discretos e secretos?, não sei, mas gostava de saber.
Eu gosto muito do Brasil. Nunca lá fui, e um dia explicarei porquê. Saravá!

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