A arte de sedução da leitura dos contos ou romances de Georges Simenon (1903-1989) não é fácil de explicar. Mesmo quando me não apetece ler nada, posso recomeçar, sempre, por um "Maigret" ou uma daquelas obras surpreendentes: "La tante Jeanne", "La neige était sale"ou "La maison des sept jeunes filles"... A abordagem do tempo que faz para criar um envolvência inicial, a descrição das coisas inanimadas de uma casa, o tique físico (que se repete) de uma personagem, são alguns dos ingredientes, mas não os únicos, na sólida construção romanesca de Simenon. O adjectivo "fade", ou o verbo "loucher" são também usados, com frequência, pelo escritor. Mas ainda é pouco para definir essa sedução da leitura.
Há, no entanto, um prefácio de Marcel Aymé (1902-1967) no início de "Le chien Jaune" de Georges Simenon, que ajuda a compreender a magia da sua escrita. Passo a traduzir: "...O autor defende-se, aliás, de explicar as suas personagens e de desmontar ao seu leitor os elos dum mecanismo psicológico. Contenta-se em dar informações, indicações, reparos, e não sem economia. A bem dizer, parece que é o leitor que cria as personagens de Simenon e que as diferencia. Há em tudo isto, da parte do autor, uma notável discrição..."
Amo!
ResponderEliminarMaigret sempre!
ResponderEliminarTambém adoro!
ResponderEliminarAssocio-me inteiramente, de alma e coração, aos comentários.
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