domingo, 15 de setembro de 2024

Recomendado : cento e três

 

De vez em quando, ao Domingo (normalmente, pior dia quanto a conteúdos), o jornal Público ultrapassa a sua mediocridade habitual e publica alguma coisa importante e de qualidade.
Esta entrevista, de hoje, a Vasco Vieira de Almeida (1932) rememora de forma limpa, correcta e isenta o tempo e vicissitudes do 25 de Abril. Por isso a recomendo, sem reservas.

sábado, 14 de setembro de 2024

Citações CDXCV

 


Não sei se será justa, embora cruel, a caracterização que colhi no Diário de Paris / 2001-2003 (página 114), de Marcello Duarte Mathias (1938), sobre estes sul-americanos:

"É conhecida a definição caricatural do argentino como sendo um italiano que fala mal espanhol, anda convencido que é francês, e que no fundo gostaria de ser inglês."

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Da leitura 59

 

Sempre me senti pouco à vontade com a leitura de filosofia. Se exceptuar porém os nomes de George Berkeley, Arthur Schopenhauer, Soren Kierkegaard e Friedrich Nietzsche, autores que li com agrado e proveito.
Concluí entretanto que a marca de posse e data que, antigamente, eu inscrevia nos livros que ia comprando me permite, hoje, situar a leitura que deles fiz. Este Para além do bem e do mal, li-o aos 22 anos de idade.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

As incertezas da agricultura

 

Acabámos de colher, já tintadas, a segunda pior safra de azeitonas, deste ano de 2024, que consistiu em apenas 4 frutos, que não justificava sequer curtir, para uso doméstico. Comparada com o ano de 2023, com 162 azeitonas (o recorde de sempre, desde 2012), a presente "colheita" é de uma pobreza franciscana... Oxalá o próximo ano nos compense!

Medicina e diplomacia

 

Inesperada oferta amiga de dois títulos que, sendo de autores afastados dos meus quadrantes ideológicos, prometem seguramente elegância de escrita e reflexões apuradas.



Acresce ainda que os dois livros ostentam dedicatórias manuscritas dos seus autores, um médico conhecido já falecido e um diplomata ainda vivo.
Agradecimentos a H. N..

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Mudam-se os tempos...

 

Dantes, eram as bibliotecas itinerantes da Gulbenkian, por cá, agora, por falta de vocações católicas são as igrejas móveis, a que os alemães chamam das Gottesmobil. Esta, em imagem, anda pela Floresta Negra a dizer missas, e com padres nómadas...

Albert Roussel (1869-1937)

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Uma fotografia, de vez em quando... (187)

 

Uma passadeira vermelha, em Veneza, para um louva-a-deus. De um fotógrafo anónimo.
(Não sei se terá sido por esta mesma passadeira que Almodovar passou para receber o Leão de Ouro...)

sábado, 7 de setembro de 2024

Do que fui lendo por aí... 65



Com a habitual franqueza crua e desapiedada escrita, assim se pronuncia, a páginas 43 do Diário Selvagem, Luiz Pacheco (1925-2008) sobre os diários que ia lendo:

"Destes diários que li nas últimas semanas o mais aprazível foi o da BEATRIZ COSTA. Não é uma literata. Decerto não está à espera do prémio Nobel porque não se considera escritora. Mas Sem Papas na Língua tão-pouco revela travões na escrita. Fala de si, da sua vida, dos seus amantes com ALEGRIA.
Não é um engasgado, estilo Vergílio Ferreira. Ou um tipo que parece estar sempre com dores de barriga, enjoadinho, como o Alçada Baptista (terei de reler a Peregrinação Interior II deste, de que gostei muito na altura e ler a I que não me cheirou quando saiu). A Beatrizinha bate-os a todos. É ela. Fez melhor que o Solnado, o qual encarregou uma fulana de escrever. É ela."

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Marcadores (?) 32

 


A pequena ilha de Jura integra o arquipélago escocês das Hébridas e, ao que consegui apurar, a sua empresa local mais importante produz um afamado whisky de malte, com várias idades de maturação, que vão do normal até aos 18 anos de envelhecimento.



A embalagem desta bebida trazia, no interior, um pequeno cartão rectangular que, fazendo publicidade ao produto, poderia também servir de marcador de livros que iríamos lendo enquanto saboreávamos este whisky de alta qualidade e sabor.



Oferecido há um tempo, provei apenas recentemente a variedade dos 16 anos, com uma graduação macia de 40º. Por curiosidade, vim a saber que a garrafa, de 1 litro, era vendida na Garrafeira Nacional, em Lisboa, a 67 euros. A boa qualidade talvez justifique o preço...

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Bibliofilia 215



Poderá parecer um exagero, talvez, da minha parte, eu integrar nesta temática uma obra saída ainda no presente ano. Mas o livro, póstumo, tem todos os condimentos para se tornar invulgar. Este Diário Selvagem, do pícaro Luiz Pacheco (1925-2008), teve uma tiragem reduzida de 300 exemplares, publicados pela editora Língua Morta, em Janeiro de 2024, que logo se esgotaram. Só quase por milagre o consegui comprar, muito recentemente.
Por outro lado o autor, escritor singular e iconoclasta, produziu alguns livros no passado que se tornaram raros pelas peripécias que rodearam a sua publicação ou comercialização.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Divagações 196



Pouca gente hoje, mesmo da élite cultural diminuta nacional, fará a menor ideia da grande influência ideológica que António Sérgio (1883-1969), durante a segunda metade do século XX, exerceu sobre uma boa parte da esquerda portuguesa.
Assisti na RTP Memória, há pouco, a um programa, bem feito, sobre este ensaísta, com testemunhos interessantes de Vasco da Gama Fernandes, Raul Rêgo, João de Freitas Branco, A. José Saraiva, mas podia lembrar também a reverência intelectual que Mário Castrim lhe dedicava, como pude verificar, pessoalmente.
Era ontem. Hoje, quem sabe de António Sérgio?

Mozart: Sinfonia concertante, Mvmt. 2a - Vengerov, Power


Neste andamento  (2º movimento) da Sinfonia Concertante, de W. A. Mozart, se inspirou Michel Legrand (1932-2019) para compor a melodia "The Windmills of your mind" que foi interpretada por Petula Clark, Dusty Springfield, entre outros, e integrou a banda sonora do filme The Thomas Crown Affair (1968).

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Os segredos saloios e a poesia de taberna

 

Houve tempo em que não me preocupava, minimamente, com as castas de uvas dos lotes de vinhos que bebia. Com os anos esse facto passou a ter importância e, hoje, é raro comprar vinhos que não informem, no rótulo, a sua composição. Comecei por  atender aos rótulos exemplares da Vinícola do Vale do Dão, que comercializava a celebrada marca Grão Vasco e que, pouco afortunadamente, foi comprada pela Sogrape, em 1957. Até aí, lá vinha indicada essa que eu chamo a trindade santíssima do Dão tinto: Touriga Nacional, Tinta Roriz e Jaen. Pois, decerto logo que pôde, a Sogrape apagou  as castas dos rótulos, fazendo jus talvez ao lema dos comerciantes atávicos: "o segredo é a alma do negócio".
E, hoje, ainda me sorri um pouco ao ler o rótulo de um Esteva tinto Douro 2021 (ex-Casa Ferreirinha) produzido e comercializado agora pela Sogrape que, em vez das castas que esconde, inscreve, no contra rótulo, esta pindérica maravilha:
" O intenso aroma da esteva, arbusto que adorna a paisagem do Douro, invade a região nos dias de Verão. Desde 1984, elegância, tradição, aromas balsâmicos e algo especiados conferem caráter a este vinho."
Realmente, para poetastro de província, o texto não vai nada mal!...

Osmose 137



Nesta fracção minúscula de vida em que passámos no tempo e universo, e em que mal deixamos sinal, podemos ter a sorte de cruzar pessoas notáveis que nos enriqueceram para sempre, nesse mesmo sempre minimalista que irá desaparecer de todo em nuvens que se evaporam no vácuo. Porque a eternidade é uma utopia dos irrealistas ingénuos e bem intencionados. 
Por cego e ingrato esquecimento omito, sem razão muitas vezes, o nome de Mário Cláudio (1941), por entre os ficcionistas que considero e gosto de ler. Sendo discreto, não salta muito aos olhos, nem se põe em bicos de pés para que demos por ele como escritor. E bem merece ser lembrado, por fundadas razões de boa escrita e capacidade profissional muito acima da mediocridade geral reinante.
Comprei-lhe agora  o Diário Incontínuo (Julho 2024). E sei que me não vou arrepender.

domingo, 1 de setembro de 2024

Apontamento 175: Democracia - Um desafio permanente

 

Estou convencida, olhando para a imagem de Friedrich Ebert, Presidente da República de Weimar (1919-1925), que, no dia de hoje, nos unia uma forte convicção de que a DEMOCRACIA é, apesar de tudo, um bem supremo, mas nunca uma conquista como dado adquirido.

Verifica-se hoje, pelas eleições nos Estados de Turíngia e Saxónia, antigos domínios pró-soviéticos do partido único SED, que os fantasmas antigos não dormem.

Post de HMJ

Revivalismo Ligeiro CCCXXXII

Adagiário CCCLXX



 
Pão com olhos, queijo sem olhos e vinho que salte aos olhos.