segunda-feira, 8 de maio de 2017

Do que fui lendo por aí... (8)


Às vezes, vemo-nos melhor de fora, imersos na realidade de outro país. Apercebemo-nos, com maior acuidade das virtudes e dos defeitos deste nosso povo de portugueses. Estão por aí palavras duras, como punhos, de Jorge de Sena, ou palavras pensadas, maduramente, de Eduardo Lourenço e José Gil, sobre os portugueses, para citar apenas três dos mais recentes escritores da nossa diáspora, crónica. 
Há dias, tive ocasião de ler uma saborosa entrevista de Onésimo Teotónio Almeida (1947), ao  jornal Expresso, em que este açoreano, catedrático da Universidade de Brown, radicado há 45 anos nos E. U. A., também discreteava, com irónica sabedoria sobre os nossos hábitos, virtudes e defeitos.
Na altura, fiz alguns sublinhados nas suas palavras, que vou passar a transcrever:

" A nossa geografia e a nossa arquitetura não são grandiosas, mas são graciosas. Felizmente, graças aos apoios europeus, preservou-se o centro de muitas cidades e vilas históricas. Guimarães é um exemplo, mas também Melgaço, Monção, Valença, Ponte de Lima, Amarante, a Beira está cheia de vilas dessas, o Alentejo também..."
...
" Irrita-me o barulho que se faz à mesa nos jantares, não se consegue conversar. Há pouca curiosidade em conversar sobre assuntos mais sérios, dificilmente se dialoga. Depois, as pessoas aqui sabem tudo sobre o mundo, têm sempre lições e soluções para todas as questões. Fala-se muito e ouve-se pouco."
...
" Quando discuto ideias, discuto-as muito a sério. Em Portugal, acabo a contar anedotas e histórias porque não dá para muito mais. Em vez de me irritar, passa-se um serão agradável entre amigos."

2 comentários:

  1. Muito obrigado por essa repescagem !
    Infelizmente, é assim mesmo...
    Um abraço.

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    1. São realmente palavras justas, ou bem ajustadas.
      Saudações cordiais para um bom dia!

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