Ser contemporâneo do sol, da chuva ou do teu nome,
habitar esse último espaço... Conhecer o peso das aves
que percorrem a seiva, adivinhar o desejo fresco e imóvel das plantas,
o rumor do vento, o teu perfil desconhecido mas inscrito em lápides antigas,
enquanto os mortos atravessam silenciosamente a terra
como um arado, e os frutos descem na tua direcção
ao olharmos o mesmo sangue pesado que os filhos recebem do nosso corpo,
escutar o teu nome - nu, sem sílabas, visível...
in As palavras da tribo (1985)
Nota: Poeta que cultiva um estilo discreto, Fernando Guimarães nasceu a 3 de Fevereiro de 1928, no Porto. Ensaísta arguto, rigoroso tradutor (Byron, Keats, Dylon Thomas), a sua poesia, não sendo fácil, tem uma ampla respiração e uma profunda consistência ontológica, muito singular. Pouco frequente na generalidade da poesia que se fez e faz, em Portugal.
Gosto bastante de Fernando Guimarães.
ResponderEliminarPode ser que ainda gemine. :)
Força, MR! F. G. merece.
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