Nunca percebi muito bem a razão, necessidade e até a urgência do Acordo Ortográfico. A não ser por essa, bem portuguesa, mania de legislar sobre tudo e sobre nada, até aos mais ínfimos pormenores, para depois não observar, nem cumprir. Lembrava-me sempre do exemplo da ortografia inglesa nas suas vertentes variadas: Grã-Bretanha/Estados Unidos/Commonwealth. Nem mesmo os mais puristas ingleses se lembraram, alguma vez, de uniformizar as variantes e disciplinar a escrita do inglês. E daí nunca veio mal ao mundo...
Houve muito boa gente, em Portugal, que se pronunciou, aberta e violentamente, contra o Acordo Ortográfico. Um deles foi Vasco da Graça Moura. Entretanto, tomou posse, há dias, no CCB, substituíndo Mega Ferreira. E, hoje, o jornal "Público" noticia que V. da Graça Moura "mandou retirar dos computadores do CCB a ferramenta informática que altera os textos segundo a nova ortografia". Coerências...e, agora, o Viegas que descalce a bota.
Posso comentar livremente? Claro que posso.
ResponderEliminarA bota é fácil de descalçar: o senhor está a desobedecer a uma decisão do Governo. Portanto, demite-se já. E paga do seu bolso os custos que este ato de "rebeldia" provocar.
Estou um bocado farto desta mania que os portugueses têm de que os cargos públicos existem para eles brilharem.
Desculpe!
É evidente, meu caro acosta, que estou inteiramente de acordo consigo. E seria o que deveria acontecer num Estado de direito, com a insubordinação "ortográfica" de V. da G. M.. Mas vamos ver (o que acontece),como diz o cego...
ResponderEliminarEntretanto, tenho enorme dificuldade em perceber as razões e necessidades deste Acordo Ortográfico, como referi no poste.
Pois, isso é outra coisa. Eu também não vejo essas razões substantivas.
ResponderEliminarMas tenho as minhas.
Sou pouco letrado na matéria e resolvi aderir porque acho que, se andam tantos peritos qualificados há tantos anos a tratar da coisa, alguma razão ali há de haver. E sou daqueles que confia no site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, e se os tipos aderiram, quem sou eu para contrariar?
Faço-o também pela ginástica mental. Com os primeiros sinais de degradação das capacidades cerebrais, acho que esta transição ma ajuda a renovar as células cinzentas...
E, na verdade, sou tipo de oitos ou oitentas. A lógica deste AO já andava por ali, numa ou noutra palavra, sem que viesse mal ao mundo. Ora, para mim, ou são todas ou não é nenhuma...
Abraço.
Pois eu confesso que estou em desacordo com o acordo. Por isso compreendo completamente o gesto do VGM. Além do mais, com o país em crise, não vejo como pode ser economicamente correcto ter de substituir todos os manuais escolares (como foi feito no início deste ano lectivo) e ter de arranjar dicionários novos para os portugueses voltarem a saber escrever em português.
ResponderEliminarConcordo completamente com acosta.
ResponderEliminarSe o VGM não quer escrever de acordo com as regras do novo acordo não escreva nas suas escritas pessoais, mas nas escritas oficiais terá de o utilizar.
O Governo já meteu o rabo entre as pernas (perdoem o plebeísmo) e veio dizer que as Fundações têm mais dois anos para se actualizar.
Entretanto, os miúdos lêem de duas maneiras. Muito pedagógico!
Meus Amigos MR, Margarida, acosta:
ResponderEliminarnunca tive dúvidas que o Acordo (?) Ortográfico era uma questão fracturante, na sociedade portuguesa. Como é o Regionalismo - com que não concordo, sentindo-me embora um "homem do Norte". Em síntese, que julgo isenta da minha parte, acho que teríamos mais a perder do que ganhar.
Mas voltemos ao Acordo. Entre a "bizantice" da estandardização, o conforto do hábito, o pragmatismo e os custos, creio que seria importante destacar, com isenção e a frio, algumas questões, à consideração geral, mediante 3 alíneas e perguntas fulcrais:
1. o Acordo era, absolutamente, necessário, útil e urgente?
2. temos ou não, de acordo com os nossos princípios e coerência, o direito de dizer não?
3. um funcionário (público) tem ou não o dever e a obrigação de cumprir as regras?
As respostas, meus Amigos, creio que terão de ser "salomónicas", da minha parte. Assim, eu reponderia às questões:
1. Não.
2. Sim.
3. Sim.
Entretanto, constato que o Governo (provavelmente sob as batutas "encolheitas" de Passos e Viegas), aos costumes, em vez de dizer nada, responde à momentosa questão:
Um rotundo "Nim".
(Às vezes, é uma tristeza viver em Portugal.)
P. S. :
ResponderEliminarrelembro uma citação de Camus que, volta e meia, repito: "A um homem restam sempre dois direitos: o direito de dizer não e o direito de se ir embora."
Perante a incompatibilidade entre as questões 2. e 3. (do meu re-comentário anterior), V. da G. Moura, sabendo o que o esperava, como dever e obrigação, eticamente deveria ter dito "não" ao convite do Viegas.
Mas, lembremos Régio: "Há mais mundos"...
Há mais mundos. E, a bem dizer, qual o tamanho do mundo CCB?
ResponderEliminarPor essas e outras, já dediquei um poeminha de Olavo Bilac a VGM (http://olinguado.blogspot.com/2012/02/poema-para-vasco-graca-moura.html)
Fim de hostilidades, que o homem divide-me... Entre a pena de morte, a poesia e a ortografia, sei lá o que penso dele!
Igualmente, na "sub-divisão". Por um lado, a poesia elegante e a meritória acção à frente da IN-CM, por outro, algumas posições trauliteiro-cavernícolas em questões ético-políticas. É difícil optar, em definitivo.
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