sábado, 11 de fevereiro de 2012

Divagações 20


Perante o enfraquecimento e debilidade física da velhice, dizem, que o cérebro vai desligando funções para poder assegurar, pragmaticamente, os serviços mínimos. Numa atitude independente, autónoma da sensibilidade do próprio ser humano. Apenas para assegurar a sobrevivência e mais tempo de vida.
Pergunto-me, ao ler "Les nouvelles clés de la mémoire (Le Nouvel Observateur, nº 2466)", quando é que a memória é desligada. Porque é, sobretudo a memória, que faz a nossa própria individualidade. Que nos distingue dos outros. Que criou uma estrutura e arquivo singular de experiências que determinam um comportamento e uma forma de ser, únicos.
O Alzheimer de E. M. Cioran, Peter Falk, Adolfo Suárez, Annie Girardot, Reagan, Margaret Thatcher, uniformizaram entre si, vegetalmente, personalidades tão distintas, nos últimos anos das suas vidas. Numa democracia de igualdade biológica. Através de um vazio sem sentido, de um invólucro apagado, conduzido para o Nada absoluto. A crescente longevidade, pelas descobertas científicas e tecnológicas, questiona-se a si mesma sobre a bondade do facto.
Faz todo o sentido, ontológicamente, pensar sobre a morte assistida, ou a eutanásia.

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