quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Pelo centenário de Eugénio de Andrade (1923-2005)

 

Passam hoje, precisamente, cem anos  sobre o nascimento de Eugénio de Andrade na Póvoa da Atalaia.
Poeta maior da nossa literatura, tive o gosto de o conhecer pessoalmente e com ele trocar correspondência. A ele devo o começar a ter lido Guimarães Rosa, romancista que ele me recomendou por volta de 1968. Mas também o facto de começar a ter mais confiança nos poemas que ia escrevendo.




Esta carta inédita, que publico hoje no Arpose, e que data de 2 de Maio de 1967, refere um pequeno poema de Eugénio de Andrade, que veio a ter um outro título (Nocturno da Água) quando publicado em livro (Ostinato Rigore), depois de ter saído inicialmente em revista. Aqui o reproduzimos na versão final.

Pergunto se não morre esta secreta
música de tanto olhar a água,
pergunto se não arde
de alegria ou mágoa
este florir do ser na noite aberta.

Deixo este meu pequeno contributo em memória de Eugénio de Andrade, pela passagem do seu centenário.

11 comentários:

  1. Uma preciosidade!
    Eugénio de Andrade merece ser lido e lembrado, SEMPRE!
    A Lumière também lhe fez uma montra de homenagem. Com direito a violetas...
    Bom dia, com Eugénio, que é como quem diz, muito bem acompanhado!

    ResponderEliminar
  2. Linda carta e também gosto do poema.
    Bom dia!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sucinto em quase tudo, Eugénio era essencial no que dizia.
      Bom dia.

      Eliminar
  3. Que privilégio, caro APS!
    Eu só estive 3 horas com ele e já me sinto tão feliz.
    Há encontros que nos marcam para a vida, embora breves.
    Bom dia!

    ResponderEliminar
  4. É verdade o que diz.
    Alguns, raros, seres humanos enriquecem-nos a vida, para sempre.
    Boa tarde.

    ResponderEliminar
  5. E se o Eugénio o disse, então fico com uma curiosidade tremenda ( ou do CAMANHO ) e conhecer os versos que ele leu do meu amigo !

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não garantindo uma absoluta certeza, creio que terão sido estes, do poema intitulado "Pequeno Acordo":

      Chamarei por ti
      quando já for tarde

      por teu espaço de luz
      e de sossego,

      quando estiver triste
      e frio e preso.

      Chamarás por mim
      se tiveres medo

      com teus olhos grandes
      de semear tristeza,

      quando for escuro
      e só a minha luz

      estiver acesa.

      Eliminar