sábado, 3 de abril de 2021

De Antonio Gamoneda (1931)



Alguém entrou pela memória branca no coração imóvel.

Vejo uma luz sob a névoa e a doçura do erro obriga-me a fechar os olhos.

É a embriaguês da melancolia; como aproximar do rosto uma rosa doente, indecisa entre o perfume e a morte.

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Pus água e cinábrio no meu coração e veias

e vi a morte mais distante da púrpura.


Agora os meus olhos vêem no passado: grandes flores imóveis, mães

atormentadas por seus filhos, líquenes fertilizados de tristeza. 

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