segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Filatelia CXXXV


Se o uso de sobrecargas em emissões filatélicas se destina, normalmente, a  actualizar ou dar conta de alterações institucionais em países ou nos próprios selos, as sobretaxas são usadas, muitas vezes, para suprir franquias que se esgotaram nos correios, de forma inesperada. Neste capítulo, os territórios de S. Tomé e Príncipe foram talvez a ex-colónia portuguesa onde mais sobretaxas foram usadas sobre emissões filatélicas anteriores.
Comecemos, então, pelo princípio. Por volta de 1890, apareceu por S. Tomé um cidadão inglês, de nome Burt, que resolveu comprar, nos correios da colónia, 2.500 selos da taxa de 5 réis, da emissão de D. Luís, de 1887, reproduzida, integralmente, na imagem inicial do poste. Não se sabe se o fez por gula filatélica, se para efeitos de especulação posterior. Nem sequer o que terá sido feito dessa enorme quantidade de selos.
Perante a emergência, logo Joaquim Augusto da Silva, administrador dos correios santomenses, oficiou ao Governador-geral no sentido de proceder à sobretaxa de alguns selos de 10 réis (mais tarde, de 20 réis e outros) da referida emissão de D. Luís, para substituir a taxa quase em falta. A sugestão foi aceite, superiormente.


Alguém, não satisfeito, e provavelmente com intuitos fraudulentos terá procedido de forma clandestina (?) à alteração das sobrecargas através de erros. Assim resultaram sobretaxas em posição invertida, duplas e outras variantes (como se pode ver na segunda imagem). E que, hoje, estão cotadas por altos preços quer em catálogos nacionais, quer internacionais.

4 comentários:

  1. Interessantíssima informação !
    Não sabia do facto.

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    1. Colhi os elementos no livro "Reimpressões" (1944), de Carlos George, editado pela Casa A. Molder. As imagens é que são da minha colecção de S. Tomé e Príncipe.

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