A palavra feira tem, à partida, um reflexo interior de oportunidade. Seja ela de gado, velharias, galináceos, livros ou vinhos, retinem-me, normalmente, no cérebro, campaínhas inefáveis, para não dizer celestiais. De fundição mourisca, judaica ou aciganada, elas fazem sentir o seu timbre.
Quanto a feiras, a minha maior desilusão foi a de S. Mateus, em Viseu. Andei anos desejoso de a conhecer, até que, há cerca de 10, por lá passei e me desiludi para sempre - um barrete aciganado de roupas e sapatos...
Feiras medievais, que hoje se fazem por todo o lado, também dispenso, embora tenha amigos embevecidos por elas que, sempre que podem as frequentam com religiosa devoção histórica. Mas eu já ando farto de ficção pindérica, disfarçada de literatura, como a que aparece pelas livrarias dos aeroportos, para contentar o vulgo pouco exigente.
Em tempos juvenis, às Terças-feiras e aos Sábados, já fui um assíduo cliente da Feira da Ladra, a Santa Clara, não prescindindo de subir a rua do Forno do Tijolo, por 2 alfarrabistas que lá havia pelo meio, mais uma loja repleta de discos de vinil que eu gostava de ver. E, por vezes, comprar.
Por agora, limito-me, quando me dá jeito, a frequentar aos Sábados, na rua Anchieta, a feira de livros dos pequenos alfarrabistas, alguns deles amadores. Se uns têm preços altos e irrealistas, outros são mais comedidos. E foi lá que adquiri, a preço razoável, estes três Luis Sepúlveda, recentemente. Que é também dos poucos autores de alguma qualidade que também aterram e aparecem nos escaparates dos aeroportos, no meio da tropa fandanga do costume.