quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Bibliofilia 156


Mais conhecido pelo pseudónimo de Tinop, João Pinto de Carvalho (1858-1936) foi um ilustre olisipógrafo, autor também de uma celebrada História do Fado (1903). Os três volumes de Lisboa de Outrora (1938/9), obra póstuma, foram coligidos e revistos por Gustavo de Matos Sequeira e Luiz de Macedo, seus companheiros também olisipógrafos, numa edição promovida pelo grupo "Amigos de Lisboa". No final do passado mês de Julho, e no meu livreiro-alfarrabista de referência, adquiri, em bom estado, os 3 volumes por 22,00 euros. A obra, não sendo rara, completa não é muito frequente aparecer à venda.



Em Maio de 2014, a Livraria Luis Burnay, em leilão e sob o lote 77, apresentava a obra completa para venda, com uma estimativa prevista de 50/100 euros. Enquanto que, posteriormente, a Livraria Histórica e Ultramarina (rua de S. Bento, em Lisboa) anunciava a mesma obra a 75,00 euros. E, mais recentemente ainda, a AbeBooks propunha a sua venda por US $ 72,77. Para quem não quiser gastar dinheiro, submetendo-se às leis do mercado do livro usado, posso informar que a BNP tem esta obra de Tinop digitalizada, podendo ser consultada em qualquer altura.



Quanto ao conteúdo de Lisboa de Outrora, eu diria que o seu estilo é ramalhudo, um tanto ou quanto barroco, de vocabulário luxuriante, por vezes pernóstico, até. O que perturba talvez a fluidez da leitura, mas a pequena história, os casos pitorescos narrados e os retratos realistas de Herculano, Pinheiro Chagas, Eça, Ramalho Ortigão, Bulhão Pato e tantos outros habitantes dessa Lisboa de outrora, recompensam muito bem qualquer leitor que se habilite a folhear e ler esta obra interessante.

12 comentários:

  1. Consegui encontrar na digitalização da Biblioteca Nacional
    este livro Lisboa de Outrora. Apenas por curiosidade, e pareceu-me
    interessante por registar factos e pessoas de uma Lisboa antiga.
    Alguns apelidos, ainda hoje existem através dos descendentes.
    Estive algum tempo entretida e por isso lhe agradeço.
    Desejo-lhe uma boa tarde.

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    1. Fico contente que lhe tenha sido útil o poste. Ainda só acabei o 1º volume e comecei o segundo, mas tem-me agradado a leitura. Se clicar sobre o texto, aqui na imagem, poderá ler uma tirada bem gira de Herculano sobre Ramalho..:-)
      Melhor será desejar-lhe: boa noite!

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  2. Em aditamento ao meu comentário, pareceu-me ter visto
    o nome Tomás de Melo , do pouco que li do livro em questão..
    No meio da terrível desorganização dos livros que tenho,
    descobri um livro com o título "boémia antiga", assim com
    letra pequena, de Tomás de Melo, da Arcádia. Tem uma dedicatória
    de João Medina datada de 1/8/1980. enaltecendo o autor e lamentando
    "este esquecido da literatura portuguesa". Julgo ser o escritor
    mencionado no "Lisboa de Outrora". Será?

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    1. Creio que sim, embora o nome não me fosse conhecido. Muitas das figuras referidas por Tinop, pouco rasto deixaram. Do teatro, da ópera, cozinheiros (há 2 ou 3 páginas sobre João da Mata), do comércio e até da nobreza...
      Infelizmente, não sou especialista de olisipografia, mas a MR é..:-)
      Talvez ela possa vir a dar um ajuda, se aqui vier.

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  3. Gosto muito dos livros do Tinop que já li várias vezes e consulto muito. Pinto de Carvalho escreveu uma História do fado interessante.
    Sim, o Tomás de Melo é o da Lisboa boémia, de que tenho uma edição antiga (nem me lembrava dessa da Arcádia).
    Do meu ponto de vista fez uma boa compra.
    Boas leituras!

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    1. Obrigado pela sua achega-esclarecimento!
      Não tive hesitações na compra: o preço era módico e o estado dos livros era bom. Feliz acaso e sorte..:-)
      Estão a ser!

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  4. Fiquei com curiosidade de ler esse livro. Bom dia!

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    1. Aproveite, Margarida, o online da BNP.
      Retribuo os votos!

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  5. Comprei há pouco essa História do Fado de Tinop, numa colecção sobre o fado, facsimilada. Não sei quantos volumes tem a colecção e se já acabou de sair, mas esse vi-o por acaso e comprei-o.

    Desejo-lhe um bom fim-de-semana:)

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    1. Bem-vinda, Isabel, e por aqui aproveito para renovar os votos: muitos parabéns!
      E retribuo, também, os votos de bom fim-de-semana, cordialmente!

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