terça-feira, 6 de junho de 2017

Os brandos costumes


Somos levados, com o tempo e, às vezes, permissivamente, a tudo desculpar e a arranjar explicações (os psicólogos, sobretudo, e os vizinhos) até para os crimes mais indesculpáveis. É conhecida a expressão portuguesa, numa discussão acesa e violenta, em que um dos intervenientes grita para o povo em redor: "Agarrem-me, se não eu mato-o!"
Mas não deixa de ser agradável saber que Portugal é considerado e classificado como o 3º país "mais pacífico do mundo". Depois da Islândia e da Nova Zelândia que até está nos nossos antípodas geográficos. Valha-nos isso! E esqueçamos, por momentos, a justiça de Fafe...

12 comentários:

  1. Sem abordar o seu tema, e apenas por curiosidade
    o que representará esta estátua, no sítio onde
    está?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A estátua intitula-se mesmo: "Justiça de Fafe". E está nas traseiras do Tribunal da cidade homónima. O tema teve origem num duelo ocorrido no séc. XIX, em que, em vez de pistolas ou espadas, foram usados varapaus do Jogo do Pau). Com o tempo, o significado alargou-se a: fazer justiça, pelas suas próprias. Quando a Justiça oficial não funciona.

      Eliminar
  2. Errata:
    onde escrevi "pelas suas próprias.", queria escrever: pelas suas próprias mãos.

    ResponderEliminar
  3. Ainda ontem pensava nisto, a propósito da história do convento de Cristo em Tomar (https://www.rtp.pt/noticias/pais/convento-de-tomar-parcialmente-destruido-durante-gravacao-de-um-filme_v1005800). Talvez sejamos demasiado pacíficos? Boa tarde!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estive no Convento de Tomar há 5/6 anos (?) e fiquei com uma ideia de grande desleixo. Vi 2 ou 3 montes de lixo, no interior, descabidamente, um velho piano (!) abandonado num sala, imprestável, como instrumento musical, creio, pela sua deterioração física muito visível...
      Vi ontem o ministro da Cultura prestar umas paupérrimas explicações, desvalorizando os incidentes e danos, nesse nosso Monumento Nacional. E, hoje, visionei o vídeo e reportagem da RTP, que teve a gentileza de me indicar. Muito lhe agradeço. Mas fiquei estarrecido com o que me foi dado perceber.
      Principalmente, a incúria e o desleixo, a grande possibilidade de haver mafias corruptas, nos serviços (de bilheteira), o aproveitamento pessoal, o desinteresse patriótico, o amadorismo grassante daquela gente, ou grande parte dela, que ali trabalha...
      Se fossemos sérios havia que encontrar o responsável que autorizou os danos no Convento, e penalizá-lo como deve ser. E "limpar" uma boa parte daquela gente.
      Esperemos, apesar do estrago estar feito.
      Pacíficos, somos, sobretudo em relação a este nosso mundo que nos rodeia. Mas somos também uns resignados, muitas vezes, indesculpavelmente fatalistas. Desleixados, frequentemente. Irresponsáveis, por vezes, na incúria com que assistimos às coisas.
      Chega, por hoje, mas deixo de ficar mais pessimistas, com todas estas coisas que deixamos acontecer.
      Um bom final de tarde!

      Eliminar
    2. Errata:
      na antepenúltima linha do re-comentário, queria escrever:...mas não deixo de ficar mais pessimista,...

      Eliminar
  4. É o que nos vale. Li a notícia há 3-4 dias e logo a recontei aos meus amigos norte-americanos. Impressiona-os.

    Na minha terra havia a Justiça da Noite, que deve ser a versão insular da Justiça de Fafe.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Poderei estar a ser injusto, mas o exercício da nossa Justiça portuguesa parece-me muito "enluvado, muito de pergaminhos, demasiado ufana de si, na sua auto-suficiência. E preguiçosa, para não dizer relaxada.
      Por isso, e embora eu não advogue a "justiça por suas próprias mãos", civilistas, compreendo alguns casos da sua prática que, apesar de tudo, pode sempre ser bárbara. Mas que há algumas criaturas que precisavam de umas bengaladas fortes, ah!, isso há...
      Não conhecia o termo insular de "Justiça da Noite". Obrigado por ma dar a conhecer.

      Eliminar
    2. A Justiça da Noite era muito operativa na Ilha Terceira. Conheço pessoas que ainda se lembram e falam dela. Uma vez vi um livro sobre ela, mas não registei o título nem o autor. Acho que é uma edição açoriana.

      Eliminar
    3. Agradeço o detalhe. Infelizmente, nem tudo o que se publica nos Açores chega ao Continente. Mas conservo, preciosamente, na minha biblioteca, os seis volumes das "Saudades da Terra", de Gaspar Frutuoso, numa edição simples mas bonita, e insular.

      Eliminar
  5. Depois de duas vezes ter escrito o comentário e não ter
    seguido, vou ficar pelo agradecimento da informação sobre
    a estátua. Não vi lógica fazer uma estátua representando
    uma atitude violenta. Tinha dado os meus "pareceres" sobre
    o seu relato do que viu no Convento, mas não vá o comentário
    desaparecer outra vez, fico por aqui. Desejo que tenha uma
    boa noite.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também tenho sentido dificuldades (e excessiva lentidão) com a net. Imagino várias causas, mas sem objectivo fundamento...
      Reitero a minha impressão muito negativa, que tive, na última visita ao Convento de Tomar.
      Agradeço a sua persistência cordial em comentar.
      E retribuo os seus votos.

      Eliminar