quarta-feira, 21 de junho de 2017

O (mau) jornalismo, ainda


Se um raio que cai sobre uma árvore, durante uma tempestade seca,  pode provocar fogos de uma dimensão inimaginável, uma notícia incendiária pode também causar, seguramente, sobre criaturas menos informadas, mais sensíveis ou incultas, um movimento de reacção incontrolável, muitas vezes, de natureza política.
Quando, em 1963, estive pela primeira vez na R. F. A., tomei conhecimento de um jornal, de grande tiragem, intitulado: Bild. Os alemães esclarecidos diziam, com alguma sorridente ironia, que, quando se pegava nesse jornal, pelas pontas superiores das páginas, escorria, quase sempre, muito sangue...  
Hoje, ao contemplarmos com alguma atenção os mídia portugueses teremos de concluir, com alguma preocupação e pessimismo, que uma boa parte dos nossos jornalistas (?) procuram, sobretudo, a exclamação, a tragédia, o sangue, procurando excedê-los pelas descrições exageradas de um vocabulário paupérrimo. E servidos por um gesticular excessivo e expressões faciais de um mau actor de segunda classe.
Mesmo que para isso, e sem cruzar informações (regra básica de um bom profissional), dêem crédito ao mais rasteiro boato, para, empolgadamente, noticiarem desastres. Parece ser esse o seu único objectivo fátuo e festivo. E não a simples, mas correcta, verdade.

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