segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Antonio Gamoneda (Oviedo, 1931)


Amor


A minha maneira de te amar é simples:
aperto-te contra mim
como se houvesse um pouco de justiça no meu coração
e eu ta pudesse dar com o meu corpo.

Quando desordeno os teus cabelos
algo de muito belo nasce das minhas mãos.

E quase não sei mais. E só aspiro
a estar contigo em paz e a estar em paz
como se isso fosse uma obrigação desconhecida
que às vezes me pesa demais no coração.

6 comentários:

  1. Ainda se escrevem poemas de amor.
    Estar em paz e amar, assim deve ser.

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    1. Os grandes poetas, como é o caso de Gamoneda, ainda o fazem e com brio..:-)

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  2. É muito bonito este amor pacificado. E quadra com a cara que está ali em cima. Estão um para o outro. Os poetas dizem coisas que só a eles lembram, mas são a linha recta do sentido "como se houvesse um pouco de justiça no meu coração e eu ta pudesse dar com o meu corpo" ou "como se isso fosse uma obrigação desconhecida que às vezes me pesa demais no coração". É formidável.

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    1. Toda a história do Poeta, e a obra, é marcada pela experiência vivida da Guerra Civil. E ele conseguiu sublimá-la de forma genial, pelos seus versos.

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