sexta-feira, 15 de junho de 2018

Miscelânea, a propósito de Proust


As cartas de leitores ao Director, no TLS, têm-se multiplicado, ultimamente, a propósito da recente tradução do título, para inglês, de Du Côté de chez Swann, de Marcel Proust (1871-1922). Cada um dá a sua sentença e alvitre: de To Swann's Way até Toward's Swann's Place, passando pelo sintético Over at Swann's, entre muitos outros. Neste aspecto, tenho dificuldade em tomar partido...
Como por vezes me divido, também, perante uma obra (de arte?) extravagante, cujas qualidades estéticas se me não impõe, de imediato, ou me surpreendo perante os preços exorbitantes que algumas telas, de pintores conhecidos, atingem em leilões, e vou compreendendo inteiramente que alguém, criterioso nos seus juízos, se aconselhe com especialistas sobre assuntos que não domina, antes de tomar posição.

Ao que parece, assim acontecia com Proust, como nos diz Gautier-Vignal, no seu livro Proust connu et inconnu, no que à Música clássica dizia respeito. O escritor francês procurava, quase sempre, a opinião avisada de Reynaldo Hahn sobre compositores contemporâneos, sobretudo.
Não admira, por isso, que tivessem frequentes contactos pessoais e até trocassem correspondência. O que verdadeiramente me surpreende é que, num leilão recente em Paris, um bilhete-carta de Marcel Proust para Reynaldo Hahn, datado de Março de 1896, essa missiva tenha sido arrematada pela astronómica quantia de 8.125,00 euros. Será mesmo um valor justo, ou haverá pessoas que não sabem como gastar o seu dinheiro excessivo?

agradecimentos cordiais a H. N..

4 comentários:

  1. Acho um exagero, mas o mundo do coleccionismo tem as sua próprias regras. Boa tarde!

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    1. Nalguns casos, que talvez não sejam a maioria, estas compras são meros investimentos que se destinam a futuras mais valias, sem qualquer preocupação estética ou artística, na sua origem.
      Bom fim-de-semana.

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  2. Não é só por cá que há viúvas e viúvos do Pessoa. Também Proust terá os seus viúvos e viúvas e alguns com dinheiro... As pessoas perdem a cabeça...
    (Não escrevi os plurais de 'género' por serem politicamente corretos: por cá, primeiro apareceram as viúvas de FP, e uns anos depois os viúvos. Mas há quem estude - e bem - Pessoa e não pertença a esta categoria.)
    Bom dia!

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    1. Vai havendo de tudo, como na farmácia..:-)
      E tem razão, quantos fizeram nome, por cá, a falar e a explorar o filão-Pessoa?! E se, de muitos, se nota trabalho e amor legítimo, de outros, para quem atente, se vê que são os oportunistas do costume, carreiristas de profissão, e mediocres das academias instaladas.
      Bom resto de sábado soalheiro.

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