terça-feira, 12 de junho de 2018

Província e livrarias


Eu creio que a paisagem livreira, em Évora, não se alterou desde que eu lá estive, pela primeira vez, no início dos anos 60. Apesar da Universidade, depois de instalada. Continua a haver uma única  média livraria, na praça do Giraldo. Voltei a visitá-la, em Maio passado, e a mesma insuficiência se notava. As duas empregadas pareceram-me também muito pouco habilitadas para a função. E as prateleiras e estantes estavam adornadas de títulos e capas espalhafatosas que se podem encontrar na Staples, nas lojas híbridas dos CTT ou em qualquer grande superfície - em suma, o trivial mediocre.
Agora, em Guimarães, e no início deste mês de Junho, o desconsolo foi maior...
Nos anos 50, a cidade tinha duas boas livrarias: a Casa das Novidades e a Livraria Lemos, ambas na rua da Rainha. Eu era cliente da primeira, em que me abastecia de produtos de papelaria e livros escolares, mas também lá ia comprando os volumes iniciais da minha ainda incipiente biblioteca. Depois, nos anos 60, abriu, na rua de Santo António, a então moderníssima Livraria Raul Brandão, que ficava quase em frente da Gráfica Minhota, que também tinha livros para venda. Mais tarde, e na rua Gil Vicente, inaugurou-se a Orfeu. Assim, nos anos 80, Guimarães contava com 5 boas livrarias.
A Livraria Raul Brandão foi a primeira a fechar. A Lemos foi-se reconvertendo e, hoje, mais parece uma loja de decoração; quando lá entrei, no princípio de Junho, não teria mais do que 50 livros expostos, para venda! A Orfeu, na Gil Vicente, parecia uma loja de lembranças para turistas pouco exigentes. E a minha querida Casa das Novidades, onde pontificava, dinâmico e sabedor, o Ginha, no meu tempo, abastardara-se de tal modo, que nem se notava que fora uma livraria de referência. Quem diria que Guimarães, a exemplo de Évora, tem agora também um polo de ensino da Universidade do Minho?!
Que tristeza...

10 comentários:

  1. E foi Guimarães Capital Europeia da Cultura...

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    1. Pois é... E terá de concluir-se que, ao contrário do que apregoa por aí, hoje, há muito menos leitores, do que havia antigamente.

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  2. Um esclarecimento :
    O Palácio de Vila Flor não tem NENHUM polo universitário.

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    1. Gato meu, de que me penitencio. Mas creio que foi lá que residiu a Comissão Instaladora, de início. E julgo que ainda lá funciona uma Escola de Música.
      Grato pela sua correcção.

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  3. Mais leitores há, a qualidade é que baixou.
    Ah!, eu até vinha perguntar onde é que os estudantes do polo universitário compravam os livros... Mas hoje compra-e muito pela net...
    Bom dia!

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    1. Será?!... Quanto à competência de leituras, estamos de acordo. E vai-se comprando de tudo, sem grande critério. Assim como se publica muito, mas sem grande sentido de qualidade. Depois, vai-se guilhotinando, também, muita coisa.
      Boa tarde.

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  4. Copio e transcrevo o que me foi comunicada por uma amiga :

    "-No palácio funciona a divisão municipal de cultura; no espaço contíguo, num edificio espelhado novo (2012), funciona a empresa municipal de cultura "A Oficina";
    -Ha 30 anos funcionou, no Palacio de vila flor, o primeiro polo de engenharia da universidade do minho; hoje o polo da UM é em azurem, um grande complexo universitário;
    - qt às livrarias, a Orpheu continua a ser conceituada, tendo se especializado no ramo "artes". Ainda esta semana lá fui...adivinha porquê!
    -a casa das novidades,aquando da crise,mudou-se pr o outro lada da rua e reduziu o seu espaço. Entretanto antiram-se fnac's e cafés com letras a fazer concorrência fora de horas.isso arrasou o comercio local de rua.

    A Escola de musica de Guimarães, hoje conservatório de Guimarães, funciona no centro da cidade, na mesma rua da casa das novidades, num edificio secular e contiguo à associação comercial. "

    Um abraço.

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    1. Grato pelas precisões que me deu a conhecer.
      Ainda acompanhei o desdobramento da Casa das Novidades, para quase em frente, e ainda lá comprei livros. Bem como na e da Livraria Lemos. Mas a noção que tenho, dos últimos tempos das livrarias vimaranenses, é de gradual decadência e descaracterização, infelizmente.
      Em Junho, e em Guimarães, comprei apenas 2 livros. E sabe onde? Na Sociedade Martins Sarmento. Isto parece-me dizer tudo.

      Uma boa noite, muito cordialmente.

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  5. Há sempre uma alternativa, nem que seja na shop de um museu...

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