quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Praxes


Quando, em 1931, Alberto de Souza aguarelou este Estudante, as praxes académicas circunscreviam-se a Coimbra, tal como nos anos 60, quando por lá andei. E até o Dux Veteranorum estava obrigado a respeitar as regras do Código, que tinham mais de lúdico do que de punitivo ou dramático.
Nos anos 80/90, com a proliferação de canhestras e oportunistas Universidades, de saber pouco rigoroso e duvidosa qualidade científica, o uso de capa e batina e as praxes alastraram de forma selvagem, permanente, exercidas por energúmenos ignorantes e sádicos, sobre caloiros submissos e, talvez, propensos ao exibicionismo.
Foi assim que tivemos o nosso Jonestown (da seita People's Temple), na praia do Meco, embora de menores dimensões numéricas nas mortes incompreensíveis e inúteis.
Parece que o novo Ministro do Ensino Superior está disposto a um braço de ferro que acabe com estas práticas medievais e aberrantes. Faço votos para que não perca a coragem e não lhe falte a perseverança!

9 comentários:

  1. Completamente de acordo. Que acabe este disparate sado-masoquista! Bom dia!

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    1. E a boçalidade selvática vêmo-la por todo o lado e a toda a hora - é demais.

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  2. Espero que sim, mas sempre achei esquisito (palavra muito doce) que gente que entra na Universidade (normalmente já podem votar) e andam a lamber as relvas com os cocós de cão, etc., como eu vi várias vezes frente à Faculdade de Ciências.
    Hoje de manhã vi um estudante no Metro, daqueles vestidos 'a rigor'... e de bengala. Mas garanto-vos que não era coxo. O que passa pela cabeça de um rapaz para andar naquela figura?
    Boa tarde!

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    1. Muita desta gente, creio, acha que andar na Universidade é como um conto de fadas... E gosta de exibi-lo nas ruas, ou por extravagâncias exóticas ou a fazer figuras tristes, para que os notem. É um breve "flash", no entanto, e muitos deles estão apenas a tirar um passaporte para o desemprego, dadas as condições actuais.
      Não é uma história de fadas, mas aproxima-se de um filme de terror.

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  3. Para mim, esta intervenção do ministro do ensino superior é chocante, e demonstrador da menoridade a que chegou a Universidade portuguesa e as suas equipas dirigentes, preocupados apenas com os MBA lucrativos, os fundos comunitários e os "rankings". Demonstrador também da menoridade da política portuguesa, pois um ministro desta área existirá (imagino) para outras coisas (tento não me rir ao escrever isto). As praxes são assunto de polícias e juízes, quando muito de ministros das polícias e dos juízes, não de ministros tão pomposos como "do ensino superior".

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    1. Quando alguém não faz nada, e estou a pensar nos Reitores (por exemplo), alguém tem que fazer, quando o assunto é grave. O Homem, provavelmente, actuará ao nível do que se chama, em politicamente correcto, "magistratura de influência", até porque há autonomia universitário.
      Também fui praxado em Coimbra, como caloiro. Mas eram exercícios de inteligência, humor, raramente de subserviência aos Veteranos. Nunca saí humilhado. E havia regras e tempos, não era todos os dias e a todas as horas. Tenho 2 ou 3 episódios interessantíssimos de praxe a que fui submetido.
      O que hoje vejo, aqui por Lisboa, é abaixo de cão... Cavernícola, boçal, primário.

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  4. Em tempo: registei o seu "like" no último "A par e passo". São raros, mas também há uma gentil Senhora (Isabel Abreu) que os coloca, também. E que aqui também aproveito para lhos agradecer.

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    1. Gosto de um "like" de vez em quando. E, nesse caso, gostei muito.

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