quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Memória (112)


Por um acaso aparente, o nome de Mário Cesariny de Vasconcelos, nos últimos dois dias, cruzou-se várias vezes comigo. Inicialmente, e num Blogue amigo, em comentário, citei dele um pequeno poema. Depois, à noite, zapeando na TV, apanhei o falecido realizador Fernando Lopes, num programa antigo, a chamar-lhe Mago. Finalmente ontem, num jornal, vinha a notícia de que a Câmara de Lisboa lhe iria disponibilizar um jazigo individual, no Cemitério dos Prazeres. Lembro que ele tinha sido sepultado, anteriormente, no Talhão dos Artistas.
Há reconhecimentos que chegam tarde à nossa vida. Dei por Turner na meia idade, quando, por exemplo, comecei a gostar da obra de Soutine, na adolescência. Quanto a poetas, e surrealistas, sempre privilegiei mais, e desde cedo, Alexandre O'Neill, que tinha uma irreverência mais viva e criativa. Depois, não levei muito a bem que Cesariny tivesse trocado a poesia pela pintura (necessidades?) que, aliás, nunca me despertou grande interesse. Mas aqueles dedos trémulos, segurando o eterno cigarro, em dois leilões de livros, em que lhe fiquei ao pé, comoveram-me...
E, estando tão esquecido, há que lembrar que era um bom poeta.

6 comentários:

  1. Conheço mal a obra dele e fiquei com curiosidade. Bom dia!

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    1. Aconselho "Pena Capital", que me parece dos livros mais conseguidos de Cesariny.
      Bom dia!

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  2. Gosto muito de Cesariny, poeta e ensaísta ou crítico. Da pintura, gosto das linhas de água.
    Boa tarde!

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    1. Da obra, o que lhe conheço melhor é a poética.
      Boa tarde!

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  3. Tem uma obra surpreendente e interessante, principalmente ele enquanto individuo é interessante, sem duvida um experimentalista e surrealista, o ponto de interrogação que coloca na pintura, é legitimo fazer esse questionamento, mas penso que não terá sido uma questão financeira, havia em Cesariny uma aura de genuinidade que não é compatível com essa hipótese, ma poesia, é um nome incontornável no panorama nacional, na pintura obra que conheço parcialmente, penso ser muito interessante, como procuramos sempre ligações entre obras e artistas, encontro em alguns quadros uma analogia na linguagem com Miró, talvez um minimalismo e nalguns casos o traço pictórico a remeter para os primórdios da linguagem.

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    1. A pintura sempre foi mais rentável do que a poesia, quando uma e outra são de qualidade. Cesariny, tanto quanto sei, passou por necessidades, não a partir do momento em que passou a pintar e expor (creio que na S. Mamede). O que não teve mal nenhum, e se lhe compravam os quadros é por que lhe achavam qualidade na obra.
      Menos discutível ainda, do meu ponto de vista, é a qualidade da sua poesia - estamos de acordo.

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