sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Eduardo Chirinos (Peru, 1960-2016)


Uma formiga, com esforço,
leva consigo uma folha.
                    A folha é enorme,
várias vezes o seu próprio tamanho.
Trata-se porém de um dever inevitável,
uma pura obediência atávica.
                   Na sua retaguarda
idênticas formigas vão fazendo o mesmo
com diversas folhas. Amanhã vão repetir
um ritual cuja razão totalmente ignoro.

Em breve, vou completar cinquenta anos.
Penso na formiga,
na sua cega dança até à morte.

11 comentários:

  1. Anda a trazer-nos umas boas novidades (para mim, pelo menos). :) Gostei.
    Bom dia!

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    1. O poema impressionou-me o suficiente, para gostar dele e o traduzir..:-)
      Bom dia!

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  2. Desconhecia este poeta mas gostei muito desta poesia.
    Fui procurar informação e descobri poemas muito ao meu
    gosto, embora possivelmente mal traduzidos por mim.
    Mas vale sempre a pena, novas descobertas.
    Obrigada.

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  3. Existe um pequeno e delicioso conto no livro "O caçador do nada"
    de Pedro Alvim cujo tema é uma formiga e já fui buscar o livro para o reler.

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    1. E, depois, também há o poema de O'Neill, que Amália cantou, embora num tom diferente e mais ligeiro.
      Tenho outro poema de Chirinos, a traduzir, na forja, mas ainda precisa de uma revisão...

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  4. Era da minha idade...
    Espero que o meu destino de formiguinha seja mais longo. Mas o poema impressiona...

    Um bom domingo:)

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    1. Normalmente, os Leões são mais longevos que os Carneiros (quanto a signos)..:-)
      Bom resto de Domingo!

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