domingo, 17 de novembro de 2019

Do que fui lendo por aí... 33


... No período de ouro do «milagre económico alemão», nos finais dos anos sessenta, na estação de Colónia, os alemães recebiam eufóricos o imigrante «um milhão», que aconteceu ser um português do Algarve, baixinho de estatura, tímido, e que, sem compreender uma palavra daqueles que o saudavam, agradecidos por ele ter chegado para a construção da Deutscher Wunder, recebia como prémio uma motocicleta e um ramo de flores. Um documentário daquela época mostra esse dia na estação de Colónia, era Outono, estava frio, e o presidente do patronato alemão cumprimenta aquele Gastarbeiter, cuja tradução mais precisa é «trabalhador convidado». ...

Luis Sepúlveda (1949), in Crónicas do Sul (pgs. 45/6).

7 comentários:

  1. e quem era, para além do aspecto, esse senhor "um milhão"?

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  2. «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades / Muda-se o ser, muda-se a confiança»...
    Bom domingo!

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    1. É verdade, MR: 50 anos fizeram toda a diferença.
      Retribuo, cordialmente.

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  3. Fui hoje requisitar à biblioteca este livro, mas tendo
    passado uma vista de olhos não me parece que o vá ler.
    Nunca me sinto em condições para duras realidades que
    me parece ser o caso dos temas deste livro. Só o nome
    Pinochet me arrepia. Em tempos já longinquos. julgo ter
    lido dois romances de Sepúlveda, mas este vou dispensar.
    Boa noite e desculpe hoje, tantos comentários.

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    1. É muito marcado o registo interventivo de Luis Sepúlveda, neste livro, embora não devamos esquecer que ele integrava a guarda (laica) pessoal de Allende, e esteve preso.
      Gosto de o ler, ainda que a sua escrita não tenha a profundidade de Sebald. Talvez o "Patagónia Express" (das Edições Asa, também) possa ser uma boa alternativa.
      Nada a desculpar - uma boa noite!

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